A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), confirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encaminhará um voto contrário ao Projeto de Lei (PL) da Dosimetria. Este projeto, que será discutido hoje na Câmara dos Deputados, visa a redução das penas de ex-presidentes e outros condenados pelos atos de 8 de Janeiro, o que gerou reações contundentes por parte da atual administração.
Governança sob tensão
A decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), em pautar a proposta, pegou o governo de surpresa durante uma reunião semanal de líderes. Gleisi se manifestou sobre a gravidade da situação, descrevendo a possibilidade de redução das penas como um “retrocesso” no que considera uma condenação histórica. “É muito grave este retrocesso na sequência de um julgamento histórico, que pela primeira vez condenou os chefes de um atentado contra a democracia”, afirmou a ministra.
Gleisi Hoffmann reafirma a importância da decisão do STF para a proteção da democracia.
Em sua fala, Gleisi destacou que o projeto seria um desrespeito à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que, em sua visão, representa a soberania e a independência do judiciário brasileiro. Segundo ela, permitir a revisão das penas “fragiliza a legislação que protege a democracia” e pode abrir espaço para novas tentativas de golpe.
Detalhes do Projeto de Lei da Dosimetria
O projeto, de relatoria do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), sugere uma reavaliação das penas para “manifestações reivindicatórias de motivação política” ocorridas entre 30 de outubro de 2022 e a data em que a lei for aprovada. O relatório revela que o objetivo é “adequar as sanções” e aprimorar o cálculo das penas, evitando “rupturas e aventuras legislativas”.
Aspectos controversos do relatório
Uma das propostas mais relevantes incluídas no projeto é a reconfiguração das penas para quem for condenado pelos Crimes contra as Instituições Democráticas. Segundo o relatório, se um indivíduo for condenado por mais de um crime, deverá prevalecer apenas a pena mais severa. Essa proposta tem gerado muitas críticas e discussões acaloradas entre os partidários da lei e seus opositores.
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por cinco crimes, incluindo golpes a instituições democráticas. Portanto, o projeto, se aprovado, pode ter um impacto significativo em sua situação legal.
Implicações para a democracia brasileira
Para Gleisi, a aprovação do PL da Dosimetria representaria uma concessão de vantagens a criminosos políticos já condenados, um cenário que a ministra considera insustentável. “Um arranjo político não pode fragilizar uma legislação tão importante para a democracia e o país”, concluiu, relembrando os riscos envolvidos.
O relator do projeto, Paulinho da Força, busca estabelecer que o cumprimento da pena em regime domiciliar não inviabiliza a possibilidade de remição, que é a redução de tempo de reclusão em virtude de trabalho, estudos ou leitura. Além disso, a proposta sugere um tratamento mais favorável para os participantes dos atos extremistas que não exerceram papel de comando ou financeiro nos ataques, permitindo a redução das penas em até dois terços quando crimes forem cometidos em situações de multidão.
A luta continua
Esse embate entre governo e oposição não é apenas uma questão legislativa, mas um reflexo das profundas divisões que ainda existem na sociedade brasileira. A luta pela preservação da democracia e a punição adequada para quem atenta contra suas bases centrais continua a ser um tema candente e que divide opiniões.
Enquanto o governo Lula se posiciona firmemente contra o PL da Dosimetria, o futuro da legislação e suas repercussões legais ainda estão por vir, e a sociedade observa com expectativa o desenrolar dessa importante pauta.
Para mais informações sobre a votação do PL da Dosimetria e suas implicações, acesse o relatório completo disponibilizado na Câmara dos Deputados.


