Na manhã desta terça-feira, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) realizou uma visita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na prisão, marcando o primeiro encontro após a revelação de suas intenções de se candidatar à presidência nas eleições de 2026. Esta visita ocorre em um contexto delicado, onde a política brasileira vive um cenário de incertezas e debates acalorados sobre a viabilidade das candidaturas dentro da oposição.
A candidatura em meio a desafios e resistência
A visita de Flávio foi precedida por uma série de discussões em torno de sua candidatura, que já enfrenta resistência de alguns setores do Centrão, um bloco importante na política brasileira. Apesar de algumas lideranças reconhecendo a amizade que têm com o senador, a percepção geral é de que ele não possui a mesma força ou apoio necessário para unir a oposição, especialmente em comparação com outros nomes, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Nos últimos dias, o clima de insatisfação dentro do Centrão se intensificou. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), comentou abertamente sobre a necessidade de um candidato que possa representar melhor os interesses do bloco, destacando que as candidaturas com potencial competitivo seriam as de Tarcísio ou do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD). “Política não se faz só com amizade, se faz com pesquisas e viabilidade”, ressaltou Nogueira, enfatizando que a decisão do PL sobre a candidatura de Flávio deveria ser mais colaborativa.
Uma tentativa de articulação política
Para contornar a resistência e se fortalecer como candidato, Flávio organizou um jantar com Nogueira, e os presidentes do União Brasil, Antonio Rueda, e do PL, Valdemar Costa Neto, em sua residência em Brasília. Esse encontro é considerado um passo significativo na articulação política do senador, que busca demonstrar que é um candidato viável e capaz de competir nas próximas eleições. No entanto, também surgiram críticas sobre declarações de Flávio de que teria um “preço” para desistir da candidatura, o que foi interpretado como um erro e fragilizou sua posição.
A referência ao “preço” foi feita em um contexto que gerou polêmica, especialmente em relação à discussão sobre a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. O relator, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), afirmou que a possibilidade de anistia, conforme desejado pelo PL, é improvável, o que causa um impasse sobre a tramitação do tema no Congresso.
Análise das intenções de voto e aceitação popular
Os dados das recentes pesquisas de opinião também não são favoráveis para Flávio. De acordo com os números do Datafolha, em um possível segundo turno, o ex-presidente Lula (PT) marcaria 51% contra 36% de Flávio. Já se comparado a Tarcísio, Lula teria uma diferença de apenas 5 pontos percentuais, indicando uma aceitação maior por parte do eleitorado para o governador de São Paulo.
A situação de rejeição de Flávio é outro disco que levanta preocupações em sua candidatura. Com 38% dos eleitores declarando que não votariam nele, mesmo sem ter ocupado um cargo no Executivo, a rejeição supera a de outros candidatos como Ratinho Junior (21%) e Tarcísio (20%). Essa realidade reflete os desafios que Flávio terá que enfrentar para consolidar sua candidatura.
Flávio, por sua vez, se manifestou ao Jornal Folha de S. Paulo afirmando que sua candidatura é “irreversível” e que não está “à venda”. Ele ressaltou ainda que seu sobrenome pode ser uma vantagem em relação a outros concorrentes, embora seus comentários sobre a competição com Tarcísio também reforcem um cenário de rivalidade interna nas fileiras conservadoras.
Perspectivas futuras
Com a proximidade das eleições de 2026, o cenário político deve continuar a evoluir, e Flávio precisa lidar não apenas com a figura emblemática de seu pai, mas também com as realidades do apoio político, a relação com o eleitorado e as dinâmicas internas dos partidos. O caminho para a presidência será repleto de desafios, negociações e, sem dúvida, uma constante necessidade de sintonizar os diversos interesses que emergem no cenário político brasileiro.



