Com o recesso se aproximando, parlamentares que são aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrentam um dilema complicado: a proposta de anistia para os presos durante os eventos de 8 de Janeiro está parada na Câmara dos Deputados e carece de um acordo que a viabilize. Entre eles, destaca-se Flávio Bolsonaro (PL-RJ), escolhido como pré-candidato à Presidência, que tenta articular apoio em meio a um cenário tenso.
Anistia em jogo
A proposta de anistia, que busca uma solução para os detidos durante as manifestações que resultaram em invasões de prédios governamentais, esbarra na resistência do relator da proposta, Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Ele defende uma redução das penas em vez de uma anistia ampla, um ponto impopular entre os bolsonaristas, que clamam por uma “anistia total e irrestrita”.
Flávio Bolsonaro, por sua vez, expressou que a votação sobre essa questão é uma das prioridades de sua pré-candidatura, e está buscando apoio de líderes do Centrão. Em uma reunião ocorrida na noite de segunda-feira (8/12) em sua residência, representantes de partidos como o União Brasil e o PP mostraram-se cautelosos, afirmando que precisavam consultar suas respectivas bancadas antes de se comprometerem.
Pressões e condições
Em um contexto de incerteza, Flávio Bolsonaro considerou a anistia como parte do “preço” para se retirar da corrida presidencial, caso isso abra espaço para um candidato do Centrão em 2026. Essa afirmação gerou descontentamento, especialmente com Paulinho da Força, que descartou qualquer possibilidade de anistia a favor de Bolsonaro e sua família proposta como uma alternativa viável.
Situação política tensa
- Flávio anunciou oficialmente sua pré-candidatura à Presidência na sexta-feira (5/12), recebendo a aprovação do pai, Jair Bolsonaro. Contudo, a resposta do mercado foi negativa, resultando em uma queda significativa na bolsa de valores no dia seguinte.
- A decisão de Flávio não foi discutida amplamente fora do círculo familiar, o que desagradou líderes de centro-direita que aguardavam por um diálogo mais amplo.
- O tema da anistia está interligado à situação do pai de Flávio, que enfrenta uma pena de 27 anos e 3 meses por seu papel nos eventos de 8 de Janeiro.
- Apesar de algumas vozes dentro do Partido Liberal (PL) apoiarem Flávio, a resistência por parte de outros partidos é notável, levando a um cenário de isolamento político para o pré-candidato.
Imbróglio na Câmara
A situação na Câmara é um verdadeiro imbróglio político. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), decidiu se afastar das negociações nas últimas semanas, sinalizando um esgotamento nas tentativas de diálogo sobre a proposta de Paulinho da Força. Sua saída reflete um clima de frustração, pois a adesão do PL é considerada crucial para o avanço da pauta.
Interlocutores indicam que a falta de apoio governamental para a proposta aumenta as chances de que ela permaneça engavetada na Casa se não houver o respaldo necessário. Sem o envolvimento do PL, a votação da anistia se complica ainda mais, levando os líderes partidários a acreditar que o assunto não avançará sem uma mudança significativa no apoio interno.
Desafios no Senado
Enquanto isso, no Senado, a agenda está repleta de discussões sobre emendas e medidas que visam resolver os embates com o Supremo Tribunal Federal (STF), como a atualização da Lei do Impeachment e o Marco Temporal. Essa sobrecarga de temas, combinada com a maioria do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Casa, dificulta ainda mais o avanço da proposta de anistia.
Os desafios se acumulam, e o tempo se torna um inimigo, com prazos curtos até o recesso. Caso não haja um acordo em breve, a proposta de anistia pode acabar sendo adiada por um período indeterminado, uma situação que Flávio Bolsonaro parece estar tentando evitar a todo custo.
Com diversas nuances e implicações, o futuro da proposta de anistia para os presos do dia 8 de Janeiro continua incerto, refletindo as tensões políticas atuais no Brasil.


