Uma assembleia de acionistas da BM Empreendimentos (BME), responsável pelo luxuoso Hotel Rosewood inaugurado em 2022, foi convocada para esta quarta-feira, 10 de dezembro, em um momento de tensões entre o empresário francês Alexandre Allard e o grupo chinês Chow Tai Fook Enterprises (CTF). A disputa entre os sócios já resultou em questionamentos judiciais sobre o controle do empreendimento.
Contexto da disputa e planos de redução de participação
O Rosewood de São Paulo, que figura entre os melhores hotéis do mundo com uma avaliação de seis estrelas, está no centro de uma disputa societária. Segundo fontes próximas ao caso, a expectativa é que os chineses busquem afastar Alexandre Allard do Conselho de Administração e continuar diminuindo sua participação na BM Empreendimentos. Allard foi sócio do grupo chinês na construção do empreendimento, mas atualmente enfrenta uma redução de sua fatia na sociedade.
Estratégia de “squeeze out” e venda de ativos
A intenção do grupo CTF parece seguir o movimento conhecido como “squeeze out”, uma prática em que o acionista majoritário força o minoritário a vender suas ações para consolidar o controle total da empresa. Um relatório divulgado pela agência Bloomberg, na semana passada, indicou que a CTF busca aumentar sua liquidez por meio da venda de imóveis, uma estratégia motivada por dificuldades financeiras, especialmente relacionadas à sua unidade de negócios imobiliários, a New World Development Co, em Hong Kong.
Apesar de a BM Empreendimentos negar que o hotel de São Paulo esteja à venda, fontes do mercado afirmam que a tentativa de afastar Allard do conselho ajuda o grupo chinês a abrir espaço para uma eventual venda do empreendimento.
Controvérsias e dificuldades financeiras
Outro ponto de atrito envolve o método utilizado pela CTF para calcular a diluição da participação de Allard na sociedade, com alegações de que houve o uso de valores inflados nas obras do Rosewood e aplicação de juros brasileiros sobre cifras em dólar, o que, segundo observadores, teria favorecido a ampliação da fatia do grupo chinês.
Allard garantiu suas ações por meio de garantias de dívidas assumidas, o que permitiu a conversão de debêntures em ações, aumentando a participação do CTF para 65%. No entanto, a participação do empresário francês reduziu-se de 40% para 35%, e há projeções de que ela possa cair para cerca de 20% com novas dívidas sendo convertidas em ações.
Movimentações judiciais e possíveis implicações
Os conflitos também têm um panorama judicial. Em abril, Allard acionou a Justiça de São Paulo contra os sócios chineses, acusando-os de espionagem e de usurpar direitos autorais ligados ao projeto do hotel e à sua arquitetura. A Justiça determinou uma perícia para averiguar possíveis alterações indevidas no projeto original com o objetivo de reconhecer seus direitos sobre elementos de design.
A próxima assembleia poderá deliberar sobre a destituição de Allard do Conselho, além de tratar outros assuntos estratégicos, incluindo a possibilidade de ações de responsabilidade civil contra o empresário francês.
Perspectivas para o futuro do Rosewood
Enquanto as tensões permanecem, especialistas avaliam que a saída de Allard do conselho seria um passo que facilitaria a venda do hotel pelos chineses, dependendo das decisões tomadas na assembleia. Este movimento pode marcar uma nova fase na história do empreendimento, que é destaque na cena mundial de hotéis de luxo.
Mais detalhes sobre o andamento desta disputa podem ser acompanhados na reportagem da Ordem dos Advogados.


