Brasil, 9 de dezembro de 2025
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Vaticano devolve 62 artefatos indígenas e reforça reconciliação com povos nativos

Vancouver, Canadá, 8 de dezembro de 2025 — O Arcebispo de Vancouver, Richard Smith, destacou que a devolução de 62 artefatos culturais indígenas pelo Vaticano representa “um presente oferecido de livre vontade” e um passo importante na reconstrução da confiança entre a Igreja Católica e os povos nativos do Canadá.

Reconciliação e diálogo cultural na devolução dos artefatos

Os objetos, incluindo um kayak raro do Ártico ocidental com mais de um século de idade, foram formalmente entregues a líderes indígenas em Montreal, em uma cerimônia marcada pelo Jubileu da Esperança declarado pelo Papa Francisco. Segundo Smith, a iniciativa simboliza uma “ação de reconciliação enraizada na graça do Ano Jubilar da Esperança”.

O gesto, realizado por meio da transferência das coleções do Museu do Vaticano, conta com a participação de representantes da Assembleia das Primeiras Nações, Inuit Tapiriit Kanatami, Inuvialuit Regional Corporation (IRC) e Conselho Nacional Métis, que receberam os artefatos em cerimônia especial. As lideranças indígenas ressaltaram que Elders e sobreviventes decolaboração com escolas residenciais trabalharam por décadas para esse momento.

Significado cultural do retorno do kayak do Ártico

Para a Inuvialuit, o retorno do kayak emblemático representa a realização de uma esperança há mais de 100 anos. “Estamos orgulhosos de que nosso kayak retorne à Região do Assentamento Inuvialuit após um século”, afirmou Duane Ningaqsiq Smith, presidente da IRC. “Acredita-se que seja um dos poucos de sua espécie construídos há mais de um século… Este é um passo histórico para revitalizar nossa identidade cultural.”

A devolução também é vista como um reconhecimento do esforço contínuo de líderes, anciãos e sobreviventes, que há anos lutam pelo retorno de artefatos sagrados roubados, especialmente após uma resolução de 2017 da Assembleia das Primeiras Nações. Victoria Pruden, presidente do Conselho Nacional Métis, afirmou: “Este é um reflexo da coragem e perseverança dessas pessoas, mas a jornada ainda não acabou. Reconciliar-se é um trabalho constante de relacionamento, responsabilidade e busca pela verdade, justiça, cura e dignidade.”

Relevância do momento para os povos indígenas

Nações como as Primeiras Nações, Inuit e Métis comemoraram o retorno como uma vitória simbólica e uma afirmação de que seus artefatos — considerados sagrados e vivos — agora estão recuperando seu lugar na cultura e na história. Cindy Woodhouse Nepinak, Chefe Nacional, declarou: “Nossos parentes finalmente estão em casa. Para nós, esses objetos representam nossa espiritualidade e nossa história.”

O presidente do Inuit Tapiriit Kanatami, Natan Obed, expressou gratidão às instituições e parceiros envolvidos, ressaltando que esse retorno é um começo na longa caminhada de reconciliação. “Estamos nos estágios iniciais dessa jornada, mas é encorajador ver esses itens culturais retornando às nossas comunidades”, afirmou.

Próximos passos na preservação e destino final dos artefatos

De acordo com o Conselho Nacional de Conferências Episcopais do Canadá (CCCB), os artefatos ficarão temporariamente no Museu Canadense de História, em Ottawa, onde organizações indígenas liderarão os esforços para determinar a origem de cada item e seu destino final. Segundo comunicado oficial, essa devolução marca uma etapa importante do compromisso do Papa Francisco com os povos indígenas.

Após uma audiência em Roma em novembro, o Papa Leo XIV entregou oficialmente os artefatos ao bispo Pierre Goudreault, presidente do CCCB, e ao arcebispo Smith, como símbolo de diálogo, respeito e fraternidade. Os objetos incluíam um kayak inuit, máscaras, mocassins e gravuras, que estavam há mais de um século nas coleções do Vaticano.

Smith afirmou que a transferência foi “uma realização histórica na longa trajetória de cura e reconciliação”, especialmente ao final do Ano Jubilar da Esperança, ressaltando que esse movimento partiu do coração do Papa Francisco, que desejava promover uma relação mais justa e respeitosa com os povos indígenas.

Goudreault destacou que a decisão de confiar os objetos às lideranças religiosas refletiu o desejo do Papa de que a Igreja caminhe junto com os povos originários em espírito de reconciliação, durante e após o Jubileu.

Segundo o CCCB, essa devolução simboliza o encerramento de um ciclo iniciado por Francisco, que buscou diálogo, respeito e fraternidade com as comunidades indígenas do Canadá.

A iniciativa também acompanha gestos semelhantes, como a devolução de fragmentos das Mármore do Parthenon à Grécia, em 2023, reforçando o compromisso do Vaticano com o reconhecimento de injustiças históricas.

Este episódio marca uma importante etapa no caminho de cura e respeito às culturas indígenas, evidenciando o papel da Igreja na promoção da reconciliação histórica e espiritual do Canadá.

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