O legado de Stellio Rodolpho Bastos Seabra, arquiteto que atuou na formação de Brasília nos anos 60, ganha novas dimensões com a divulgação de imagens inéditas de suas obras. Reconhecido como o “arquiteto da rainha”, Seabra deixou um impacto indelével na arquitetura da capital brasileira, tendo trabalhado em prédios que se tornaram referência para sua geração e além. Ele faleceu em 2023, mas suas realizações continuam a ser celebradas e estudadas.
Quem foi Stellio Seabra?
Nascido no Rio de Janeiro em 1932, Stellio Seabra chegou a Brasília em 1961, pouco após a inauguração da capital. Seu trabalho começou como arquiteto do Banco do Brasil, onde teve o desafio e a liberdade de desenvolver projetos residenciais que atenderiam funcionários que se mudavam do Rio de Janeiro para a nova cidade. Segundo o historiador Elias Manoel da Silva, esse contexto permitiu que Seabra criasse obras marcantes, uma vez que ele desfrutou de uma liberdade incomum em comparação a outros projetos da época, que eram limitados por restrições financeiras e burocráticas.
As obras icônicas de Seabra
Entre as obras mais conhecidas de Stellio Seabra está o Bloco B da SQS 303, onde a influente família do cantor Renato Russo residiu. Este edifício, assim como outros criados por Seabra, tornou-se parte da história social e cultural de Brasília. A notoriedade do arquiteto se ampliou ainda mais quando o Jardim de Infância da Superquadra Sul (SQS) 308 foi visitado pela rainha Elizabeth II e pelo príncipe Philip em 1968, destacando o projeto como uma “quadra modelo” e “vitrine” da nova capital.
O Jardim de Infância, descrito por Elias Manoel da Silva como a “obra-prima” de Seabra, era inovador e apresentava um espelho d’água e azulejos coloridos, uma abordagem que se distanciava das escolas comuns da época. Fernando Campos, amigo da família Seabra, comentou que, ao projetar esta escola, o arquiteto fez uma “devolutiva existencial”, dedicando sua visão à educação e ao futuro das crianças, mesmo sem ter descendentes próprios.
A influência de Seabra na arquitetura brasileira
O trabalho de Stellio Seabra não apenas modelou a paisagem de Brasília, mas também influenciou gerações de arquitetos e urbanistas. Suas construções, além de práticas, incorporavam uma estética que dialogava com a modernidade e a singularidade de Brasília, uma cidade planejada que se tornou um símbolo nacional. Hoje, seus edifícios são estudados e respeitados, sendo referências em escolas de arquitetura por todo o país.
As imagens recentemente divulgadas pelo Arquivo Público do Distrito Federal, que foram doadas pela viúva de Seabra, Nina Seabra, trazem à tona uma nova dimensão de sua trajetória. A entrega das fotografias ocorreu em um evento dedicado à preservação da memória da cidade e à valorização das contribuições de seus arquitetos pioneiros.
Legado e memória
A memória de Stellio Seabra é uma das muitas figuras que moldaram Brasília, mas sua imagem como o “arquiteto da rainha” e suas obras sempre iluminadas por um tom de inovação e criatividade provavelmente permanecerão em destaque nas discussões sobre a história da arquitetura brasileira. Sua personalidade acessível e seu amor pela cidade e suas crianças são apenas alguns dos traços que fazem de seu legado uma verdadeira lição sobre como os projetos arquitetônicos podem transcender o concreto e se transformar em experiências humanas.
O arquiteto faleceu em 2023, na cidade de Natal (RN), mas sua influência e criações permanecem vivas na arquitetura brasileira e na mente dos que habitam ou visitam a capital do país. O impacto de seu trabalho em Brasília é um testemunho de como a arquitetura pode, efetivamente, contar histórias e moldar comunidades.
Para mais informações sobre as obras de Stellio Seabra, siga as atualizações no Arquivo Público do Distrito Federal e em outras fontes de história e cultura. A cidade de Brasília, com suas construções icônicas, deve sempre ser reconhecida como um marco na arquitetura mundial, muito devido ao esforço de arquitetos visionários como Seabra.


