Durante um protesto em Tucson, Arizona, a deputada democrata Adelita Grijalva afirmou que agentes da imigração usaram spray de pimenta contra ela e outros manifestantes. O incidente ocorreu durante uma operação do Serviço de Imigração e Fiscalização de Alfândegas (ICE), que envolveu a prisão de centenas de imigrantes na região. A situação acendeu um debate sobre as práticas de detenção e aplicação da lei durante a administração Trump.
A agressão à deputada Grijalva
No vídeo compartilhado nas redes sociais, Grijalva descreveu como aproximadamente 40 agentes federais, a maioria deles mascarados, chegaram em veículos à Taco Giro, onde um grupo de manifestantes se reunira. Segundo a deputada, ela foi “esguichada no rosto por um agente muito agressivo” e “empurrada por outros”. Em suas declarações, ela ainda divulgou imagens que mostraram um oficial muito equipado disparando spray de pimenta em direção a ela e à multidão.
A recém-empossada deputada, que tomou posse há apenas 50 dias, mencionou que, após se identificar como membro do Congresso, apenas um agente tentou conversar com ela de maneira civilizada. “Literalmente, não estava sendo agressiva, estava pedindo esclarecimentos, o que é meu direito como membro do Congresso”, comentou Grijalva.
O contexto da operação do ICE
As operações do ICE estão ligadas a uma investigação de longa duração sobre supostas violações de imigração e impostos. Nos últimos dias, a Procuradoria dos EUA no Arizona informou que pelo menos 190 pessoas foram acusadas de delitos relacionados à imigração, a maioria por entrar ilegalmente no país.
“+A operação foi justificada como necessária para abordar questões sérias de imigração, mas muitos questionaram o uso da força. A prefeita de Tucson, Regina Romero, e o vice-prefeito, Lane Santa Cruz, emitiram uma declaração criticando a “uso desproporcional da força” que os agentes recorreram para dispersar a multidão. Eles afirmaram: “Granadas de fumaça e balas de pimenta contra o público, incluindo nossa própria representante Adelita Grijalva, não são justificáveis e não podem ser toleradas”.
Rebata da segurança interna
Tricia McLaughlin, Subsecretária de Segurança Interna, contestou o relato de Grijalva. Em um comunicado enviado para o jornal The Independent, afirmou que, se as alegações dela fosse verdade, seria “um milagre médico”, acrescentando que Grijalva estava “na proximidade de alguém que foi esguichado” durante a operação.
McLaughlin também ressaltou que dois agentes de segurança foram gravemente feridos durante o protesto, insinuando que a deputada ficou em meio a um grupo que estava obstruindo e atacando as forças de segurança. “Apresentar-se como ‘membro do Congresso’ não dá o direito de obstruir a aplicação da lei”, afirmou McLaughlin.
Implicações e reações
O incidente com Grijalva levanta questões sobre a forma como a aplicação da lei militarizada – uma característica marcante da administração Trump – tem impactado comunidades locais, especialmente nas cidades com forte presença de imigrantes. A administração Trump tem incrementado sua campanha de deportação em massa, levando a operações de imigração em várias localidades, resultando em milhares de detenções, muitas das quais tem como alvo indivíduos sem histórico criminal.
A deputada grijalva enfatizou a gravidade da situação: “O maior problema que temos nesta comunidade é Trump, que não tem consideração por nenhum devido processo, pela lei ou pela Constituição”, afirmou. “Eles estão literalmente desaparecendo pessoas das ruas.”
As preocupações com o modo como a força é usada pelos agentes de imigração em situações de protesto foram intensificadas ao longo do tempo, com relatos de brutalidade e agressão contra manifestantes e jornalistas. Um processo judicial anterior impediu agentes de disparar balas de borracha e gás lacrimogêneo contra manifestantes em Chicago como resposta a uma série de alegações de brutalidade policial.
Conclusão
Esse último evento não só destaca o potencial para conflito entre forças de segurança e comunitários, mas também provoca discussões urgentes sobre a forma como as autoridades federais lidam com questões de imigração em um clima político tão polarizador. Agressões como essas, especialmente em um ambiente legislativo, colocarão a ética da aplicação da lei sob o microscópio, promovendo um alerta sobre a necessidade de responsabilidade nas operações do ICE.


