Na manhã deste domingo, 7 de dezembro, a Praia de Iracema, em Fortaleza, se transformou em um mar de vozes unidas contra a crescente violência e os feminicídios. Milhares de pessoas se reuniram para participar do Ato Mulheres Vivas, que mobilizou cerca de 3 mil manifestantes, de acordo com estimativas da organização. O evento reuniu mais de 80 movimentos sociais, demonstrando uma ampla solidariedade nas lutas pelos direitos das mulheres no Brasil.
Mobilização e apoio institucional
O ato foi promovido pela Rede Itinerante de Mulheres Atuantes (Rima), reconhecendo a urgência de discutir a proteção e a vida das mulheres frente ao alarmante aumento da violência. A manifestação foi suprapartidária, acolhendo pessoas diversas que se alinham na luta contra o feminicídio. O evento contou com o apoio de órgãos do estado e do município, incluindo a Polícia Militar, a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), a Guarda Municipal e a Secretaria Estadual de Mulheres do Ceará. O suporte institucional reflete a gravidade do tema e a necessidade de uma ação conjunta.
Casos alarmantes de feminicídio no Ceará
Os números são alarmantes e refletem uma triste realidade. Durante o primeiro semestre de 2025, o Ceará registrou, pelo menos, 24 feminicídios, segundo dados da Superintendência de Pesquisa e Estratégia (Supesp), divulgados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Entre os casos mais recentes, destaca-se o assassinato de uma policial militar pelo companheiro, também policial, em um episódio de violência que Ecoa a necessidade da discussão do tema. Infelizmente, a soldado, que ingressou na corporação após a irmã ter sido vítima de feminicídio, se tornou mais uma estatística trágica.
Recente tragédia em Eusébio
Na última quarta-feira, dia 3, uma briga entre os policiais Joaquim Filho e Larissa Gomes resultou na morte da soldado Larissa, evidenciando a complexidade e a dor que a violência de gênero pode ocasionar, mesmo entre aqueles que deveriam zelar pela segurança da população. A tragédia não para por aí. Há pouco, uma mulher de 35 anos foi encontrada morta em sua casa, em Tianguá, com sinais que sugerem que seu parceiro a assassinou e tentou simular um suicídio. O caso reforça a ideia de que a violência contra a mulher é um problema estrutural que precisa ser prontamente enfrentado e combatido.
A importância da conscientização e mobilização
Eventos como o Ato Mulheres Vivas são cruciais não apenas para expressar a indignação coletiva, mas também para educar e sensibilizar a sociedade sobre a gravidade do feminicídio e da violência de gênero. Os protestos reúnem vozes de mães, filhas, amigas e aliados que se negam a ficar em silêncio diante da dor e do sofrimento causado pela desigualdade e violência. “Estamos aqui para lembrar que somos muitas e que não aceitaremos mais que a violência silencie nossas vozes”, disse uma das organizadoras do evento.
O movimento em Fortaleza foi um reflexo do que tem sido visto em várias partes do Brasil, onde outras grandes manifestações estão ocorrendo para combater o feminicídio. É um chamado à ação não só para os governantes mas também para toda a população, que precisa se engajar na luta por mudanças significativas e imediatas nas políticas públicas e na conscientização social sobre a violência contra a mulher.
À medida que a manifestação se desenrolava, cartazes com mensagens de apoio e reivindicações por justiça eram exibidos com orgulho e determinação, clamando por uma sociedade que valorize e proteja a vida das mulheres. “Mulheres vivas, livres e seguras!”, ecoava entre os manifestantes durante a passeata, reafirmando a resistência e a luta por um futuro em que a violência não tenha mais lugar.
Ao finalizar o ato, os participantes se comprometeram a continuar a luta e a exigir medidas concretas das autoridades para que casos de feminicídio não sejam mais frequentes e que a violência contra a mulher se torne uma questão a ser discutida abertamente em todos os segmentos da sociedade. O impacto da mobilização pode ser sentido não apenas em Fortaleza, mas em todo o Brasil, onde a luta por justiça e igualdade se mantém firme e viva.


