Os preços dos ovos no Brasil continuam em queda em 2025, após ondas de calor e aumento da oferta interna, enquanto exportações ainda recordes favorecem o setor. A relação de troca do produtor paulista com o milho e o farelo de soja atingiu o menor nível do ano, refletindo dificuldades na cadeia produtiva.
Oferta maior pressiona cotações dos ovos
De acordo com análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), a maior disponibilidade de ovos no mercado interno reduziu as valorizações até novembro. Em Bastos, maior cidade produtora paulista, a cotação média do ovo branco tipo extra caiu 6% ao longo de novembro, fechando em R$ 131,48 por caixa com 30 dúzias. Os ovos vermelhos tiveram queda semelhante, chegando a R$ 144,98 em média, uma redução de 5,9% em comparação ao mês anterior.
Crise dos EUA e impacto nas exportações brasileiras
O embargo tarifário imposto pelos Estados Unidos, que chegou a sobretaxar produtos brasileiros em 50%, afetou as exportações de ovos do Brasil neste ano. Apesar disso, as exportações entre julho e setembro de 2025 atingiram recordes para o período, totalizando 9,46 mil toneladas — alta de 99,8% em relação ao mesmo período de 2024, embora 42% menor do que o trimestre anterior, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O Japão assumiu a liderança entre os destinos, adquirindo 578 toneladas de ovos nacionais em agosto, 29% a mais que em julho, mesmo com a retração de pedidos dos EUA, que reduziram suas compras em 60% entre julho e agosto.
Poder de compra do produtor enfraquecido
Além da crise nas exportações, a relação de troca do produtor paulista com o milho caiu pelo terceiro mês consecutivo, atingindo o menor patamar de 2025, segundo o Cepea. O preço do milho aumentou de 67,52% para 70,30% em relação ao valor do farelo de soja, devido à retomada da demanda doméstica por milho no fim de novembro. Essa situação prejudica a rentabilidade do setor, pois os custos para a produção de ovos seguem elevados, enquanto os preços do produto têm recuado.
“A maior oferta no mercado interno e a menor demanda por ovos têm pressionado seus valores para baixo, dificultando a manutenção da rentabilidade dos produtores”, afirmou um analista do Cepea.
Impactos do clima e os preços em 2025
O calor extremo e a onda de temperaturas elevadas, que afetaram a produção de ovos no Brasil, contribuíram para a queda nas cotações ao longo de 2025. Em outubro, os preços médios na região de Bastos atingiram os menores níveis desde novembro de 2024, fechando em R$ 128 para ovos brancos e R$ 145 para os vermelhos, em valores reais, deflacionados pelo IGP-DI de agosto.
Segundo pesquisadores do Cepea, a maior disponibilidade no mercado e a demanda retraída, típica do período, reforçam a tendência de preços mais baixos. Além disso, a paralisação de transportadoras e a menor liquidez nas últimas semanas também influenciam o cenário.
Perspectivas para o setor e desafios futuros
Apesar do aumento nas exportações de carne de frango e ovos no último trimestre, o setor enfrenta desafios com os custos de produção, incluindo embalagens, alimentos e condições ambientais. O cenário de preços ainda deve permanecer frágil até o final de 2025, com dificuldades para recompor as margens de lucro.
Analistas apontam que a recuperação do mercado interno depende de fatores como a estabilização climática, retomada das importações e melhora na demanda externa. A expectativa é de que as exportações brasileiras de ovos continuem a ajustar-se às condições internacionais e internas ao longo dos próximos meses.
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