Brasil, 7 de dezembro de 2025
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Marina Silva: duas décadas de mudanças na relação com Lula

Não são apenas duas décadas que separam as passagens de Marina Silva (Rede) pelo Ministério do Meio Ambiente em gestões de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A atual ministra tem demonstrado uma mudança significativa em sua postura, impulsionada por um amadurecimento político e pela necessidade de lidar com um Congresso que se tornou mais alinhado à oposição, conforme avaliam interlocutores próximos à ministra.

Uma nova abordagem nas negociações

Se, em 2008, Marina deixou o governo com críticas sobre a pressão por emissões de licenças e reclamando do desprestígio do ministério junto ao Palácio do Planalto, hoje, seus aliados enfatizam que ela reconhece a importância de escolher melhor as lutas a serem travadas para conseguir resultados concretos. Essa reformulação em sua abordagem ocorreu após várias divergências que marcaram sua saída do governo em 2012.

À medida que Marina Silva assume uma postura mais pragmática, suas vitórias incluem a redução do desmatamento e a retomada de um plano institucional no setor ambiental. Apesar das conquistas, é inegável que a ministra enfrenta um ambiente desafiador dentro da Esplanada dos Ministérios, onde a polarização política e a ideologização das pautas se intensificaram.

O fortalecimento da relação com Lula

Um dos marcos dessa nova fase é a evolução da relação com o presidente Lula. Alinhados na linha de frente da política ambiental, a reaproximação entre os dois ocorreu durante a campanha de 2022. Quatorze anos após deixar o governo, Marina decidiu apoiar Lula, mesmo sem garantias de que retornaria ao cargo de ministra. Para ela, a derrota de Jair Bolsonaro nas urnas era uma prioridade.

Um ministro próximo ao presidente mencionou que tanto Lula quanto Marina estavam “com saudade um do outro”, o que reflete a vontade do governo de restaurar a imagem do Brasil como líder em ações climáticas, especialmente com a ambição de criar um “mapa do caminho” para eliminar combustíveis fósseis até a COP30.

Desafios e divergências no governo

Entretanto, divergências permanecem, particularmente em relação ao investimento na exploração de petróleo e o processo de licenciamento na Bacia da Foz do Amazonas. Os desafios são evidentes, com o ex-ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, criticando a incoerência do Brasil nesta questão, dado o compromisso assumido em fóruns como a COP30.

Marina enfrenta, portanto, um dilema: como equilibrar suas diretrizes ambientais com a pressão política e econômica que envolve a exploração de petróleo, um setor altamente influente no Brasil. Essa contraposição é vista como uma das principais divergências que afetam sua atuação no governo.

Preparativos para o futuro

Além de sua função como ministra, Marina avalia a possibilidade de se candidatar ao Senado nas próximas eleições, o que pode significar um novo capítulo em sua carreira política. Conversas sobre sua possível filiação ao PT e ao PSB demonstram que a política continua sendo uma arena de constantes mudanças para a ambientalista.

A atual postura de Marina em seu papel no governo contrasta com a de sua saída anterior, quando se sentiu sem apoio e oprimida por pressões de outros ministérios. Sua capacidade de adaptação e amadurecimento político, segundo aliados, indicam uma busca por uma governança mais eficaz e colaborativa.

Um novo clima na Esplanada

Um aspecto positivo observado por especialistas e aliados é a melhora nas relações de Marina com outros ministérios, especialmente com a Casa Civil, liderada por Rui Costa. Após um início conturbado, a ministra conseguiu alguns avanços, como a conquista de vetos na lei do licenciamento ambiental e a defesa de governança territorial em debates sobre a asfaltagem da BR-319.

Essas mudanças não são apenas reflexo da força política de Marina, mas também do reconhecimento de que a atuação em conjunto é crucial em um cenário governamental complexo e dilacerado por divisões ideológicas. A relação renovada entre Marina e seus colegas de governo sinaliza uma esperança de que, apesar das divergências, um trabalho colaborativo poderá levar a soluções mais sustentáveis para o meio ambiente do Brasil.

Com suas experiências acumuladas ao longo de duas décadas, Marina Silva está mais apta a negociar e priorizar ações que podem ter um impacto significativo e positivo. O futuro se desenha promissor, tanto para a ministra quanto para as pautas ambientais que ela defende com empenho e dedicação.

Certamente, as escolhas que Marina fizer neste período serão cruciais não só para sua carreira política, mas também para a saúde do meio ambiente no Brasil em tempos tão desafiadores.

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