Brasil, 7 de dezembro de 2025
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Brasil aposta em reservas de terras-raras para competir no mercado global

Com o avanço de tecnologias como baterias de carros elétricos e painéis fotovoltaicos, o Brasil se destaca por suas reservas de terras-raras, minerais estratégicos que impulsionam indústrias modernas. Reportagens recentes mostram que oito projetos de mineração de elementos de terras-raras (ETRs) no Brasil podem desenvolver quase um terço da reserva potencial do país, a segunda maior do mundo, atrás somente da China.

Reservas brasileiras de terras-raras ganham destaque na corrida global

O Brasil detém aproximadamente 21 milhões de toneladas de óxidos de terras-raras (TREO), segundo o Serviço Geológico dos EUA (USGS). Os projetos mais avançados, localizados em Minas Gerais, Goiás, Bahia e Amazonas, têm capacidade de produzir cerca de 6,3 milhões de toneladas de TREOs, representando 30% do potencial nacional, de acordo com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

O país possui vantagens naturais, como depósitos em argila iônica, comparáveis aos principais centros de produção chineses. Antonio de Castro, gerente de exploração da Brazilian Critical Minerals (BCM), afirma que a tecnologia chinesa transferida ao Brasil reduz significativamente os investimentos necessários, tornando a produção mais competitiva. “Estamos caminhando para produzir como os asiáticos, o que é um avanço importante”, destaca Castro.

China domina cadeia de produção de terras-raras

O processo de refino e separação dos elementos de terras-raras é altamente sofisticado e atualmente controlado praticamente pela China, que dominou o setor desde os anos 1980, ao desenvolver uma cadeia industrial de baixa-costura. Em 2013, a China avaliou seus depósitos em mais de US$ 62 bilhões, e o país mantém uma posição de liderança, dificultando investimentos similares em outros países.

Estudos indicam que a cadeia de produção envolve várias etapas, desde a extração até o beneficiamento industrial. Fernando Landgraf, professor da Escola Politécnica da USP, explica que o desafio do Brasil é avançar além da pesquisa de reservas, investindo nas fases industriais de beneficiamento, que ainda têm pouca capacidade de abastecer o mercado internacional.

Desafios e oportunidades para a estratégia brasileira

Apesar do potencial, o Brasil ainda não possui uma política nacional consolidada para minerais críticos. Tramita no Congresso um projeto de lei com objetivo de criar uma Política Nacional de Minerais Estratégicos, que deve prever incentivos fiscais, facilitação do licenciamento ambiental e a criação de um fundo garantidor para pequenas mineradoras.

A crise de confiança no setor ocorre, em parte, por históricos de incentivos malsucedidos e preocupações ambientais. A mineradora CBMM, líder mundial no nióbio, mostra que o país pode avançar ao focar em materiais de alto valor agregado e tecnologia de processamento própria, como faz atualmente com o nióbio, que responde por 90% da produção mundial, sem incentivos específicos.

Investimentos e o papel do Brasil na cadeia global de terras-raras

Estima-se que os investimentos em mineração de terras-raras no Brasil possam alcançar US$ 2,2 bilhões de 2025 a 2029, segundo o Ibram, em parcerias com empresas brasileiras e internacionais. Enquanto isso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) planeja liberar R$ 5 bilhões em 2026 para projetos de transformação de minerais estratégicos, com foco na atração de investidores.

O Ministério de Mineração do Brasil reforça a importância de uma cadeia industrial sustentável e integrada, com foco na geração de valor nacional. A experiência com o nióbio, por exemplo, demonstra que com políticas de incentivo e tecnologia própria, o país pode se tornar mais competitivo neste mercado.

Perspectivas futuras do setor de terras-raras no Brasil

Com a intensificação da disputa global por minerais críticos e a crescente demanda por tecnologias sustentáveis, o Brasil tem uma oportunidade de fortalecer sua cadeia de produção e reduzir a dependência da China. No entanto, para acelerar esse processo, é fundamental a implementação de políticas públicas que estimulem investimentos em toda a cadeia de beneficiamento e refino.

O potencial de reservas e a experiência de empresas como a CBMM apontam para um cenário promissor, mas que requer planejamento estratégico e ações coordenadas para transformar a vantagem natural em protagonismo econômico no setor de minerais estratégicos.

Saiba mais em O que são terras-raras? Entenda a importância.

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