A recuperação que o governo Lula (PT) vinha registrando na aprovação popular perdeu tração no novo levantamento do Datafolha, divulgado nesta sexta-feira (5). A pesquisa indica um cenário de estabilidade após semanas de tensão política, refletindo a complexidade do momento atual.
Aprovação do governo despenca em meio a crises
Segundo o instituto, 32% dos brasileiros consideram a gestão ótima ou boa, enquanto 30% a classificam como regular e 37% avaliam o governo como ruim ou péssimo. Os números mostram variação dentro da margem de erro em relação à rodada anterior, onde os índices eram de 33%, 28% e 38%, respectivamente. A pesquisa ouviu 2.002 eleitores em 113 cidades entre os dias 2 e 4 de dezembro.
Esse resultado mostra uma estagnação no movimento de melhora identificado no início de setembro, quando a aprovação havia avançado quatro pontos em comparação com julho. Naquele período, o Planalto se beneficiava de circunstâncias políticas externas ao governo, como a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), seu principal opositor, e o embate polarizado entre Lula e Donald Trump.
Consequências da operação no Rio de Janeiro
Outro fator que afetou a opinião pública foi a operação policial no Rio que deixou 122 mortos nos complexos da Penha e do Alemão. Lula inicialmente evitou criticar diretamente a operação e o governo Claudio Castro, mas dias depois mudou de estratégia e chamou a ação de “matança”, o que revelou divisões internas no governo sobre segurança pública. A repercussão desse evento, no entanto, foi diluída pela falta de mobilização no Congresso, que já estava imerso em suas próprias disputas.
Reações a crises e desafios legislativos
As tensões políticas não se limitaram à segurança pública. O governo acumulou derrotas no Congresso, particularmente no Senado, onde a crise com Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) se agravou após Lula indicar Jorge Messias para o STF. Isso desencadeou uma série de votações hostis e tensionou ainda mais a relação entre o governo e o Senado.
No entanto, Lula comemorou um triunfo no período: a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, anunciado em cadeia nacional no final de novembro. Entre os eleitores com renda entre dois e cinco salários mínimos, a aprovação ao governo subiu quatro pontos, embora a margem de erro ainda seja um fator relevante para as interpretações.
Perfil dos eleitores e a disparidade na aprovação
O retrato final da pesquisa mostra a manutenção dos perfis de aprovação: Lula é melhor avaliado por idosos (40%), menos instruídos (44%), nordestinos (43%) e católicos (40%). Por outro lado, as taxas mais altas de reprovação aparecem entre eleitores de ensino superior (46%), de rendas entre 5 e 10 salários mínimos (53%), moradores do Sul (45%) e evangélicos (49%).
Embora a situação atual seja estável, ela está distante do auge vivido por Lula em seus primeiros mandatos. Em 2010, ele registrava 72% de aprovação ótima ou boa nesse mesmo período. Ao menos o desempenho de Lula supera o de Bolsonaro em 2021, onde este último registrava 53% de desaprovação e apenas 22% de aprovação.



