A Polícia Federal (PF) realizou nesta quarta-feira (2) uma operação batizada de Operação Power OFF, direcionada a um grupo que realizava ataques hackers a sites do governo sob encomenda. A ação investiga um esquema que possibilitava ataques a sistemas públicos e privados, destacando-se a crescente vulnerabilidade de plataformas vitais para a administração pública e para a segurança nacional.
Investigações e mandados de busca
De acordo com a PF, a investigação revelou que o grupo já havia realizado ataques a diversos sites governamentais entre 2018 e 2020, incluindo entidades como a própria Polícia Federal, o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), a Dataprev e o Exército Brasileiro. Nesse desdobramento, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e dois de prisão temporária em regiões de São Paulo e Santa Catarina.
Serviços ilegais e vulnerabilidades
Os suspeitos são apontados como administradores de plataformas que oferecem serviços ilegais de ataque cibernético. Além disso, a PF identificou usuários que contratavam ataques. “Foi identificado que essas plataformas permitem que qualquer pessoa, mesmo sem conhecimento técnico, contrate ataques DDoS mediante pagamento”, afirmou a PF. Isto revela a facilidade com que indivíduos podem ter acesso a ferramentas poderosas de ataque cibernético, aumentando a necessidade de segurança e vigilância nas redes brasileiras.
O que são os ataques DDoS?
Os ataques DDoS, ou “negação de serviço”, acontecem quando um sistema é bombardeado com acessos ou solicitações falsas, o que impede o seu funcionamento normal. O objetivo é desestabilizar ou derrubar websites, deixando serviços essenciais fora do ar, o que pode ter sérias repercussões no atendimento ao cidadão e na continuidade das operações governamentais.
Cooperação internacional e próximos passos
A investigação contou com a colaboração internacional do FBI (Federal Bureau of Investigation), a famosa agência de investigação dos EUA. Essa cooperação ressalta a urgência e a relevância dos esforços internacionais para combater a cibercriminalidade, que não respeita fronteiras e pode ter consequências globais.
Além disso, a PF anunciou que a Operação Power OFF não é um caso isolado. Na terça-feira, uma outra ação foi realizada em resposta a ataques cibernéticos direcionados a parlamentares federais que manifestaram apoio ao projeto de lei conhecido como PL Antiaborto. Esses ataques afetaram os sites de deputados como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF), demonstrando a polarização política e as tensões sociais atuais no país.
Impacto dos ataques cibernéticos
A PF ressaltou que “diversos sites de deputados federais foram alvo de ataques coordenados, resultando em instabilidade e períodos de indisponibilidade, afetando a comunicação institucional e a atuação legislativa”. Essa instabilidade mostra como os ataques cibernéticos podem interferir no funcionamento democrático e na estabilidade política do país.
PL Antiaborto e repercussões
O PL antiaborto que motivou os ataques foi discutido na Câmara dos Deputados no ano passado e gerou ampla repercussão. O projeto visava equiparar o aborto após a 22ª semana ao crime de homicídio, e contava com o apoio da bancada evangélica. Na época, o site oficial do deputado Eduardo Bolsonaro chegou a ser atacado e ficou fora do ar, destacando-se o potencial impacto dessas ações na comunicação e mobilização política.
Diante dos novos desdobramentos, a sociedade brasileira é chamada a refletir sobre a vulnerabilidade digital e a importância de fortalecer a segurança cibernética para proteger as instituições e os direitos dos cidadãos. A ação da Polícia Federal é um passo fundamental nesse sentido, mas também é um alerta sobre a crescente necessidade de conscientização em relação ao uso seguro da tecnologia.



