O empresário e investidor David Sacks, de 53 anos, consolidou sua influência na Casa Branca ao atuar como czar de inteligência artificial e criptomoedas sob o comando do presidente Donald Trump, enquanto mantém fortes laços com o setor tecnológico do Vale do Silício. Sacks, que possui centenas de investimentos em tecnologia, se destacou ao redigir parte do “Plano de Ação para IA”, promovido pelo governo dos EUA, e ao assinar ordens executivas para acelerar a indústria de IA no país.
A influência de Sacks na política de IA dos EUA
Durante um discurso de quase uma hora, Trump ressaltou a importância da IA como uma das maiores revoluções tecnológicas da história. Logo após, assinou medidas para fomentar o setor, incluindo a produção doméstica de drones autônomos e inovações para o Pentágono. Sacks, que ocupa uma posição de funcionário especial no governo, possui uma agenda alinhada aos interesses da indústria de tecnologia e defesa, promovendo e incentivando políticas que favorecem suas participações financeiras.
Conexões e interesses pessoais
Além de atuar como conselheiro da Casa Branca, Sacks mantém uma atuação no Vale do Silício, com investimentos em startups de IA, defesa e criptomoedas. Análises do New York Times indicam que ele detém 708 investimentos em tecnologia, incluindo pelo menos 449 empresas vinculadas à IA, muitas delas promovendo produtos com a própria sigla no nome. Seus registros públicos revelam participações em empresas como Palantir, Meta e Amazon, embora ele afirme ter vendido a maior parte de seus ativos para evitar conflitos éticos.
De acordo com dispensas éticas concedidas pela Casa Branca, Sacks vendeu mais de 99% de suas participações em empresas que poderiam gerar conflito de interesse, mas não há informações detalhadas sobre o momento exato dessas vendas. Uma porta-voz da Casa Branca, Liz Huston, afirmou que Sacks tratou das questões de conflito e que seu trabalho não trouxe benefícios financeiros ao governo.
Benefícios e controvérsias
O envolvimento de Sacks no governo permitiu-lhe fortalecer laços com líderes do setor tecnológico, incluindo o CEO da Nvidia, Jensen Huang, com quem formou uma relação no início de 2024. Sacks também trabalhou para eliminar restrições às exportações de chips de IA dos EUA, facilitando acordos com países como os Emirados Árabes Unidos, que podem lucrar até US$ 200 bilhões com a venda destes componentes. Tais ações levantam questionamentos sobre conflitos de interesses, considerando que ele possui investimentos em empresas de defesa e IA que podem se beneficiar dessas políticas.
Além da influência direta, Sacks promoveu o projeto de lei GENIUS Act, que regulamenta stablecoins — uma criptomoeda que mantém seu valor próximo a US$ 1 — e que foi aprovado em julho, ampliando o mercado de criptomoedas de forma acelerada. Sua firma, Craft Ventures, e seu popular podcast “All-In”, com milhares de seguidores, também tiveram aumento de receita através de eventos, vendas de ingressos e produtos relacionados, fortalecendo sua presença no setor político e empresarial.
Implicações éticas e futuras perspectivas
Críticos apontam a possibilidade de conflitos de interesses devido às múltiplas funções de Sacks, que mantém investimentos em fintechs, empresas de defesa e startups de IA, enquanto atua na formulação de políticas públicas que podem favorecer suas participações. O próprio governo reconhece a necessidade de transparência, mas as dispensas concedidas a Sacks não revelam o momento exato de suas vendas de ativos, tornando difícil rastrear seus lucros pessoais.
Enquanto isso, o episódio reforça a influência de individuos com vastos interesses econômicos na formulação de políticas de alta tecnologia e defesa dos EUA, levantando debates sobre ética, transparência e o papel de empresários no governo.
Mais detalhes podem ser conferidos na matéria do O Globo.
