Brasil, 2 de dezembro de 2025
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Reinaldo, ídolo do Atlético-MG, recebe indenização por perseguição

Na terça-feira (2), em uma decisão histórica, a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania do Governo Federal concedeu perdão e uma indenização de R$ 100 mil ao ex-atacante José Reinaldo Lima, conhecido como Reinaldo, uma das maiores lendas do Atlético-MG. O ex-jogador, além de seu papel de destaque no futebol, sofreu perseguições políticas durante o regime militar que assolou o Brasil de 1964 até 1985.

Perseguição durante a ditadura militar

Reinaldo foi monitorado entre 1978 e 1986 por suas manifestações políticas e seu famoso gesto de comemoração, que consistia em levantar o punho cerrado ao marcar um gol. Esse ato era associado ao ativismo do movimento dos Panteras Negras nos Estados Unidos, que lutava contra a opressão racial e pelos direitos civis. Em suas declarações emocionadas, o ex-atleta relembrou a sensação de ser vigiado constantemente pelo governo, o que lhe causou medo e insegurança, levando-o a se sentir preso em sua própria liberdade. “A sensação de estar sempre sobre a mira do estado era constante”, disse ele.

Durante a audiencia, Reinaldo ainda comentou sobre as consequências de sua perseguição política, citando a não convocação para a Copa do Mundo de 1982 como um dos episódios mais marcantes. Ele acredita que a decisão de não incluí-lo na seleção se deu por conta da restrição imposta por seu comportamento fora de campo, embora tivesse se recuperado de questões físicas relevantes para a época. “A campanha de difamação e a perseguição política me tiraram muitas oportunidades”, lamentou o jogador, que deixou claro a importância dessa reparação.

Reinaldo vestiu a camisa 9 do Brasil na Copa do Mundo de 1978
Reprodução

Reinaldo vestiu a camisa 9 do Brasil na Copa do Mundo de 1978

A trajetória de Reinaldo no futebol

Natural de Belo Horizonte, Reinaldo chegou ao Atlético-MG em 1973 e se tornou um dos maiores artilheiros da história do clube, marcando 255 gols. Durante sua trajetória, conquistou sete campeonatos estaduais e a Copa dos Campeões do Brasil em 1978, entre outros títulos. Seu carisma e talento o tornaram uma verdadeira lenda entre os torcedores atleticanos.

Após encerrar a carreira como jogador, Reinaldo se lançou na política e foi eleito deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Em 2004, foi eleito vereador em Belo Horizonte, onde continuou a lutar por causas sociais e pelos direitos dos cidadãos. Atualmente, aos 68 anos, atua como comentarista esportivo, compartilhando sua experiência e conhecimento do futebol com o público.

Importância da anistia e reparação

A decisão do governo de conceder a anistia e a indenização a Reinaldo é um passo significativo no reconhecimento das injustiças enfrentadas por muitos brasileiros durante a ditadura militar. Esse ato não apenas representa um reconhecimento do sofrimento do ex-jogador, mas também uma tentativa de reparar os danos causados a diversas vidas e histórias que foram silenciadas ou ignoradas ao longo dos anos.

A anistia e a reparação financeira ocorrem em um contexto em que o Brasil ainda debate e busca entender os traumas deixados pela dictadura, e a luta pela memória e justiça continua. No caso de Reinaldo, sua história é um lembrete de que o amor ao esporte e a luta pela liberdade são duas faces da mesma moeda.

O legado de Reinaldo vai além dos campos, reverberando em questões sociais e políticas que ainda são extremamente relevantes para a sociedade brasileira atual.

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