Brasil, 2 de dezembro de 2025
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Racha no PT do Rio: debates sobre segurança revelam tensões

O Partido dos Trabalhadores (PT) do Rio de Janeiro está passando por um momento de intensa disputa interna, especialmente em torno do tema da segurança pública. Durante um seminário recente, figuras proeminentes do partido expressaram posições conflitantes, refletindo visões divergentes sobre como abordar a questão da violência e a atuação policial nas favelas. Essa situação tem implicações diretas na escolha do candidato que representará o partido no Senado nas próximas eleições.

Divisões internas no PT e a questão da segurança pública

As tensões começaram a ganhar destaque após a realização de uma megaoperação policial no Rio, que, segundo alguns membros do partido, teve sucesso. Diego, filho do vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, defendeu a operação como “bem-sucedida” e afirmou que o PT não deve adotar uma postura demagógica em relação ao uso da força policial. Para ele, a violência que assola as favelas é resultado tanto da atuação de traficantes quanto da repressão policial.

A crítica à falta de acompanhamento do estado

No entanto, Diego não deixou de criticar a falta de presença do Estado nas comunidades após a operação. “Não foi nenhuma autoridade visitar a favela, nem do estado, nem da prefeitura”, disse ele, ressaltando a necessidade de ações contínuas que vão além do uso da força.

Por outro lado, Benedita da Silva, uma das vozes mais respeitadas do PT e apresentada como a “futura senadora” pelo presidente nacional do partido, Edinho Silva, lançou críticas contundentes à abordagem policial. Para ela, a ação policial na megaoperação tinha um viés violento, e o foco deveria ser a prisão responsável de suspeitos em vez da letalidade. “É muito fácil criar uma consciência bélica e promover um apartheid nas favelas”, argumentou.

Concepções divergentes sobre a atuação do Estado

Benedita também destacou a responsabilidade histórica do Estado na formação das favelas, resultado do êxodo de pessoas que buscavam melhores condições de vida sem haver uma estrutura de moradia adequada. Ela enfatizou que o caminho deveria ser de acolhimento e não de violência. “Quem errou, que se prenda, dê a sentença. Essa é a política que temos que fazer”, apelou.

Enquanto isso, Edinho Silva reforçou que o PT não deve abrir mão de seus princípios humanistas em nome de uma “política de segurança” que simplesmente valida um pensamento majoritário. Ele acredita que o partido deve manter sua visão crítica, mesmo diante da opinião pública que muitas vezes favorece abordagens mais duras.

Candidaturas e apoio interno

O cenário pré-eleitoral para o Senado está se definindo com a disputa entre Benedita e o grupo de Diego, que apoia a candidatura do sambista Neguinho da Beija-Flor. Essa disputa não é apenas sobre quem será o candidato, mas também sobre a direção política que o PT deve seguir em temas sensíveis como a segurança pública. Benedita conta com o apoio de figuras influentes, como o ex-deputado André Ceciliano e Lindbergh Farias, ambos rivais políticos de Quaquá.

Diego, que já foi vice-prefeito de Maricá, também fez suas propostas para o fortalecimento das guardas municipais, defendendo sua armamentização. Essa declaração provocou aplausos entre seus apoiadores, mas gerou desconforto entre os que sustentam uma postura mais cautelosa em relação ao uso da força na segurança pública.

Reflexões sobre a segurança pública e suas consequências

O seminário, além de expor as divisões internas, também foi um palco para discussões sobre como o PT deve se posicionar em relação às operações policiais que muitas vezes resultam em tragédias. Edinho destacou a importância de não se conformar com uma narrativa que, em sua opinião, falha ao abordar as reais causas da violência. “Queremos uma política de segurança pública, mas não podemos bater palma para 121 corpos negros estirados no chão”, afirmou, chamando a atenção para os efeitos trágicos da violência policial.

O cenário atual no PT do Rio de Janeiro revela, portanto, uma batalha não apenas por um espaço político, mas também por uma visão coerente e humanitária sobre como lidar com a questão da segurança. As eleições se aproximam, e o partido terá que tomar decisões difíceis que podem moldar seu futuro e a forma como a segurança pública será tratada em seu discurso e ações.

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