Brasil, 2 de dezembro de 2025
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Por que Trump não vai estabelecer a democracia na Venezuela

Ao pensar no futuro da Venezuela, parte da administração de Donald Trump acredita que a democratização depende principalmente da mudança de liderança, substituindo Nicolás Maduro por uma equipe comprometida com normas democráticas. Desde o início de seu mandato, Trump considerou Maduro ilegítimo e chegou a colocar uma recompensa de US$ 50 milhões para sua prisão, além de dar um ultimato para sua saída do poder.

No entanto, essa teoria de que a mudança de pessoal é suficiente para estabelecer a democracia ignora a importância das instituições. Segundo especialistas, a democratização eficaz exige construções institucionais sólidas, sobretudo o suporte de atores internacionais. Sem assistência de grandes potências, é improvável que os pilares necessários para a fortalecimento das instituições venezuelanas sejam estabelecidos.

Os três pilares institucionais para a democratização

Todo novo regime democrático depende de três pilares institucionais essenciais, cada um oferecendo um bem coletivo distinto: segurança, reestruturação econômica e desradicalização. O apoio externo é indispensável para consolidar esses pilares. Segundo Benn Steil, do Conselho de Relações Exteriores, um exemplo histórico exitoso foi a criação da OTAN na Europa, que garantiu uma ampla proteção de segurança e possibilitou a modernização das forças locais pós-Segunda Guerra Mundial.

A necessidade de uma ampla proteção de segurança na Venezuela

A Venezuela precisa de uma proteção de segurança robusta para se proteger não de inimigos externos, mas da violência interna. Desmantelar o regime de Maduro trará custos elevados para diversos atores que dele se beneficiaram—militares, reservistas, paramilitares e redes de tráfico. Esses grupos estão entre os mais armados da América Latina e operam muitas vezes impunemente, dificultando qualquer transição pacífica.

Durante a invasão do Panamá em 1989, os EUA enfrentaram um regime militar fraco e uma sociedade desarmada, facilitando a ocupação. Na Venezuela, porém, a situação é diferente: os atores armados e as redes criminosas tornam uma intervenção mais complexa e difícil.

O papel da assistência internacional

Para que uma mudança de governo seja duradoura, é crucial contar com ajuda internacional significativa na construção de uma arquitetura de segurança capaz de conter a violência. Transições democráticas são mais duradouras quando há uma força de paz neutra, preparada para controlar os spoilers e evitar uma guerra civil semelhante às de outros contextos. Assim, a única estratégia viável é o apoio de uma força internacional, preferencialmente uma missão de paz multilateral, que resista às resistências internas.

Sem esse suporte, as chances de uma democratização sustentada na Venezuela permanecem mínimas, revelando as limitações da política de Trump diante de um cenário institucionalmente instável e armadilhado por interesses locais.

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