Brasil, 2 de dezembro de 2025
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Nuns de Goldenstein rejeitam acordo e aguardam decisão vaticana

As três irmãs idosas do Mosteiro de Goldenstein, na Áustria, rejeitaram nesta semana uma proposta de convivência com condições específicas, apresentando um impasse que agora será avaliado pela Santa Sé. O conflito envolvendo as religiosas, entre 81 e 88 anos, já dura anos e sobe o radar internacional, após tentativas frustradas de conciliação.

Fracasso na tentativa de acordo entre as freiras e a Igreja

Na última quinta-feira, o padre Markus Grasl, provost do Mosteiro Reichersberg, ofereceu às irmãs um acordo que lhes permitiria permanecer no mosteiro adaptado, com regras tradicionais de clausura e acompanhamento espiritual, além de assistência médica e uma lista de espera para uma residência próxima. No entanto, no dia seguinte, as freiras rejeitaram a proposta, alegando que condições impostas eram insuficientes e inaceitáveis, principalmente a exigência de cessar atividades nas redes sociais e de abandonar o apoio jurídico que receberam.

Condições impostas às freiras

Entre os requisitos, Grasl solicitou o encerramento imediato de toda atividade social e contato com a mídia, bem como a retirada de advogados e representantes legais das irmãs, além de uma restrição definitiva em relação a decisões legais por parte de apoiadores. Segundo o porta-voz de Grasl, a posição das freiras “mostra a intenção de permanecer na disputa jurídica”, mesmo após o final do acordo.

Castelo de Goldenstein, local do convento perto de Salzburgo, Áustria, onde três freiras retornaram após deixar o asilo.
Castelo de Goldenstein, local do convento perto de Salzburgo, na Áustria, onde as freiras retornaram após deixarem o asilo. Crédito: Ricardalovesmonuments, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

Histórico de disputa e influência vaticana

A controvérsia remonta a 2020, quando o grupo de freiras diminuiu acentuadamente e o Vaticano assumiu o controle da escolha do superior do mosteiro, após a comunidade perder autonomia devido às regras internas estabelecidas pelo documento Cor Orans. Em 2022, Grasl foi nomeado superiore espiritual das irmãs, que posteriormente transferiram o mosteiro para a arquidiocese de Salzburgo e Reichersberg, recebendo direito vitalício de residência, condicionado à saúde e condições espirituais.

Com várias hospitalizações e o estado de saúde das freiras deteriorado, Grasl determinou, em dezembro de 2023, a transferência delas para uma residência assistida próxima a Hallein. As irmãs, entretanto, deixaram a instituição de cuidados em setembro de 2025 e retomaram o mosteiro, apoiadas por uma mobilização social de cerca de 200 colaboradores e atenção da mídia internacional, incluindo BBC e CNN.

Atualmente, as freiras, identificadas como Irmã Rita, Irmã Regina e Irmã Bernadette, continuam sua disputa legal contra a liderança do mosteiro, apresentando denúncia formal contra Grasl ao Ministério Público de Salzburgo, alegando que ele viola seus direitos e possui condutas questionáveis.

Implicações do conflito e futuro próximo

O caso de Goldenstein evidencia diferentes perspectivas sobre a autonomia e o tratamento humanitário de religiosas idosas em situação de vulnerabilidade. Enquanto a Igreja busca uma solução que preserve a tradição monástica, as freiras reivindicam autonomia e respeito por suas condições pessoais. A decisão final será tomada pelo Vaticano, que analisa as denúncias e o contexto do conflito, com provável anúncio nas próximas semanas.

Especialistas veem o episódio como um reflexo dos desafios atuais na gestão de comunidades religiosas e a necessidade de diálogo entre instituições e fiéis para evitar conflitos semelhantes no futuro.

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