Na última semana, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro causou um alvoroço no Partido Liberal (PL) ao desferir críticas contundentes contra a aliança estabelecida por bolsonaristas com Ciro Gomes, pré-candidato ao governo do Ceará. Apesar de pedidos de correligionários para que evitasse uma crítica pública, Michelle não se conteve e manifestou sua oposição, gerando desconforto entre as lideranças do partido.
O episódio que gerou polêmica
O desentendimento começou no lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo) no Ceará, onde Michelle Bolsonaro, contrariando orientações internas, disparou contra a aliança que visava fortalecer a candidatura de Ciro Gomes pelo PSDB. Seu discurso foi enfático: “Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita? Isso não dá. Nós vamos nos levantar e nós vamos trabalhar para eleger o Girão”.
A insatisfação com as declarações de Michelle chegou ao presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, que se sentiu pessoalmente ofendido. As tensões geradas foram tão intensas que, após sua fala, a ex-primeira-dama foi convocada para uma reunião com a cúpula do partido, onde seria “enquadrada”.
A recepção do partido às críticas
A resposta dos integrantes do PL foi rápida e fervorosa. De acordo com um membro da cúpula, Michelle Bolsonaro parece não entender seu papel dentro do partido: “Ela é uma funcionária do partido e do Valdemar. Até o Bolsonaro não fala assim. É uma questão de disciplina partidária”. Essa insatisfação é refletida em um sentimento de que Michelle vem se comportando de maneira “incontrolável” e “se achando”.
A falta de esperança de que a ex-primeira-dama se retrate é palpável entre os aliados de Valdemar. Muitos acreditam que a postura autoritária de Michelle se tornou um problema para a coesão do partido. O senador Flávio Bolsonaro, ao comentar o episódio, reforçou essa crítica, chamando a atenção para o fato de que ela atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do colega André Fernandes em relação à aliança com Ciro Gomes.
A pressão aumenta sobre Michelle
O clima tenso faz com que muitos temam as consequências que a crítica pública possa trazer para a imagem do PL. De acordo com rumores, Flávio Bolsonaro planeja visitar seu pai na prisão para discutir a situação e buscar uma intervenção do ex-presidente, caso o partido não consiga conter Michelle.
Enquanto isso, a narrativa em torno da aliança com Ciro Gomes continua a se desenvolver, com Fernandes defendendo que a abordagem foi feita com a aquiescência de Jair Bolsonaro, contradizendo as declarações da ex-primeira-dama.
Uma aliança controversa e seus objetivos
A relação com Ciro Gomes tem um objetivo claro: derrotar o PT no Ceará, onde o partido tentará a reeleição com Elmano de Freitas. A escolha de apoiar Gomes, que recentemente trocou o PDT pelo PSDB, visa fortalecer a posição do bolsonarismo na política local, apresentando um front unido contra os adversários. Contudo, com os desentendimentos internos, a efetividade dessa estratégia pode estar comprometida.
Reações ao mal-estar no PL
Após a declaração de Michelle, muitos membros do PL expressaram sua frustração, como evidenciado nas palavras de um integrante anônimo: “O PL nacional está do lado do André Fernandes e de saco cheio das maluquices dela”. Essa citação reforça o sentimento de que as ações de Michelle estão colocando em risco a coesão e a eficácia do partido em uma eleição já conturbada.
Com as próximas eleições se aproximando, a gestão da questão Michelle Bolsonaro se torna um desafio crucial para o PL e para seu presidente, Valdemar da Costa Neto. A forma como a cúpula lida com conflitos internos pode determinar não apenas a unidade partidária, mas também as chances de sucesso em corridas eleitorais futuras.
Por enquanto, tudo indica que a ex-primeira-dama continuará a ser uma figura polarizadora dentro do PL, e as conversas sobre sua influência e papel dentro do partido provavelmente se intensificarão nas próximas semanas.
