Sancionada em 2021, a Lei de Incentivo à Reciclagem (LIR) começa a mostrar seus primeiros resultados diretos no final do segundo semestre de 2025. O longo caminho desde sua criação até agora traz à tona a promessa de investimentos bilionários nas iniciativas de economia circular em todo o Brasil. Essa movimentação é um indicativo claro do potencial de transformação de resíduos em novos recursos, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a economia.
A mobilização de projetos em âmbito nacional
O projeto é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em colaboração com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, a Secretaria-Geral da Presidência da República e o Banco do Brasil. O primeiro ciclo de seleção da LIR recebeu mais de 950 projetos, provenientes de 26 das 27 unidades federativas. No total, as propostas representam uma solicitação de R$ 2,2 bilhões a serem investidos em iniciativas voltadas à reciclagem e à economia circular.
Esse ciclo de propostas, que se encerrou no dia 31 de outubro, é um sinal positivo do crescimento da agenda de economia circular no Brasil e do interesse em transformar o modelo de gestão de resíduos em um recurso rentável e sustentável para a sociedade.
“Qualquer tipo de incentivo à economia circular é sempre bem-vindo. Os números iniciais são uma boa notícia, mas é crucial garantir a sequência dos projetos dentro de uma ideia eficaz de investimentos e gestão dos resíduos,” afirmou Antonio Januzzi, diretor técnico da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema).
Desafios e oportunidades
De acordo com Januzzi, a Abrema realiza estudos que revelam que apenas 8,4% do material reciclado está em circulação no Brasil. Esse dado revela a necessidade urgente de uma maior mobilização e de uma estratégia eficiente para atender às flutuações das demandas do setor de reciclagem. “A coleta informal conta com mais de 600 mil catadores que recolhem mais em volume do que a coleta formal. É essencial que o governo reconheça e valorize esse papel fundamental dentro das propostas da LIR,” ele ressalta.
Adalberto Maluf, secretário nacional de Meio Ambiente Urbano, Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental do MMA, pondera que o valor de R$ 2,2 bilhões demonstra que a LIR é efetivamente “uma ferramenta eficiente para mobilizar investimentos” que podem mudar a dinâmica da reciclagem no país.
Iniciativas destacadas na Lei de Incentivo à Reciclagem
Entre os projetos apresentados ao ministério, há iniciativas de apoio social direto focadas na estruturação de cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Além disso, propostas inovadoras de pesquisa e desenvolvimento estão em pauta para aprimorar as tecnologias de reciclagem, investimentos na estruturação municipal da cadeia de reciclagem e a criação de centros de referência em resíduos são também almejados.
Para que a LIR alcance seu pleno potencial, Januzzi destaca que é necessário ampliar os recursos em educação ambiental. “Só vamos vencer esse jogo com a população consciente sobre o papel e a importância de uma política de resíduos e de uma coleta eficiente que se alinhe a uma economia circular que realmente funcione,” finaliza o diretor da Abrema.
Com essa iniciativa, o Brasil abre um novo capítulo em sua estratégia ambiental, expressando a relevância da economia circular e do papel da reciclagem na construção de um futuro sustentável. A expectativa agora é que os recursos se traduzam em ações efetivas e na conscientização da população sobre a necessidade de um consumo mais responsável e sustentável.
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