O clima entre os membros da família Bolsonaro esquentou após a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, posicionar-se contra o apoio do seu partido, o PL, à candidatura de Ciro Gomes, do PSDB, ao governo do Ceará. Em declarações públicas, ela pediu que a sigla apoiasse o senador Eduardo Girão (Novo-CE), levando a um embate direto com seus próprios enteados e dividindo ainda mais os ânimos entre os defensores da conhecida direita brasileira.
Apoio a Michelle e reações familiares
Aliados de Michelle, como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga (PL-PB), rapidamente se manifestaram em suas redes sociais, apoiando seu ponto de vista. Damares, em particular, repostou uma mensagem de Michelle na qual ela reafirmava seu direito de expressar opiniões divergentes. No comunicado, Michelle deixou claro que, embora respeitasse as diferentes visões de seus enteados, pensava de forma distinta e tinha liberdade para expressar isso.
Uma visão crítica sobre Ciro Gomes
Michelle foi contundente em sua crítica ao apoio à candidatura de Ciro Gomes, mencionando que como poderia apoiar alguém que constantemente ofende seu marido, Jair Bolsonaro, chamando-o de “ladrão de galinha”. Essa retórica foi endossada por Damares, que também compartilhou vídeos onde Ciro citava o ex-presidente de forma negativa. A desavença familiar se intensificou após as críticas de seus filhos, que consideraram a posição de Michelle como uma afronta à estratégia do ex-presidente.
Entenda o racha na família
O desentendimento começou quando Michelle criticou a aliança do PL com Ciro durante o lançamento da candidatura de Girão. A movimentação, segundo informações, teria sido orquestrada pelo deputado federal André Fernandes, o qual apontou que a articulação havia sido aprovada por Bolsonaro. Para Michelle, aliar-se a alguém que critica ferozmente a família é incoerente, e sua postura isenta de riscos está se mostrando cada vez mais firme dentro do debate político.
No entanto, a reação dos filhos de Bolsonaro não tardou a chegar. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se referiu ao posicionamento de Michelle como autoritário, afirmando que ela havia “atropelado” Bolsonaro. A partir de então, outros irmãos de Michelle, Carlos e Eduardo, ecoaram sentimentos semelhantes, defendendo que a decisão de apoiar Ciro partiu da liderança paterna.
Em uma tentativa de reconciliar as diferenças, Flávio encontrou-se com o pai e disse ter pedido desculpas a Michelle, além de sugerir uma reunião na qual deveriam ser discutidas futuras decisões em família.
Reunião de emergência do PL
Para lidar com a situação, o PL convocou uma reunião de emergência que ocorrerá em Brasília, envolvendo Michelle, Flávio e outras figuras chave do partido. Os líderes do partido pretendem deixar claro que Michelle não faz parte da Executiva Nacional e que sua função à frente do “PL Mulher” é apenas honorífica, sem autorização para reestruturar alianças políticas.
Embora a situação tenha criado um clima de tensão, muitos analistas políticos acreditam que essa divisão na família pode ser representativa de um dilema mais amplo na direita brasileira. As divergências sobre alianças e estratégias eleitorais estão crescendo, e figuras como Michelle podem desempenhar um papel central na formação de uma nova frente conservadora, especialmente à medida que a eleição de 2026 se aproxima.
O evento continua a ser visto de perto, e o desdobramento das interações entre membros da família e aliados poderá influenciar diretamente o futuro político do PL e de Bolsonaro.


