O convite para que Jorge Messias, indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participasse do almoço do bloco que reúne senadores do PL e do Novo nesta terça-feira (2), provocou irritação entre senadores da oposição e gerou várias reclamações em um grupo de WhatsApp. O descontentamento surgiu principalmente devido à falta de comunicação entre os integrantes do partido sobre a presença de Messias no encontro.
Transparência e comunicação interna
Nem todos os senadores foram informados previamente da possibilidade de Messias comparecer ao encontro semanal, levando a que alguns apenas descobrissem pela imprensa, o que acentuou o mal-estar. Isso gerou cobranças por uma maior transparência interna dentro do partido, já que muitos parlamentares consideram fundamental manter um diálogo claro entre os membros da bancada.
Reações no grupo de WhatsApp
No grupo de WhatsApp, o senador Jorge Seif (PL-SC) manifestou sua insatisfação com a articulação, criticando abertamente a situação. “Não pode fazer sabatina no nosso almoço sem nos consultar”, escreveu ele. A mensagem foi posteriormente apagada, mas a insatisfação que gerou foi evidente, interpretada por seus colegas como um sinal de desconforto em relação ao evento que poderia se transformar em um palco informal para a candidatura de Messias ao STF.
Resistência à aproximação com o governo
O convite para Messias vinha sendo articulado pela senadora Dra. Eudócia Caldas (PL-AL). Contudo, na véspera do encontro, houve resistência significativa dentro do PL, que conta com 16 senadores. Parte da bancada considerou inoportuno abrir espaço para o indicado do governo, especialmente em um momento em que o partido busca endurecer o discurso contra o Planalto e manter sua unidade, considerando também a recente aproximação da família Caldas com Lula durante negociações para a indicação de Marluce Caldas ao Superior Tribunal de Justiça.
Cancelamento do almoço
O episódio culminou no cancelamento do almoço com Messias, que havia sido confirmada para esta semana. Para muitos integrantes do PL, o convite sem uma comunicação prévia resultou em ruídos internos e reforçou a posição de que o partido deve evitar gestos que possam sinalizar uma disposição de diálogo com o governo neste momento delicado.
Reprogramação da visita
Em nota, Eudócia Caldas afirmou que a visita de Jorge Messias será remarcada para um período posterior ao envio da mensagem presidencial formalizando sua indicação, o que ainda não ocorreu. “Essa nova oportunidade permitirá um diálogo respeitoso e institucional, reforçando a democracia e os princípios republicanos”, declarou a parlamentar. Essa afirmativa demonstra uma tentativa de reconciliar as diversas visões dentro do partido, além de buscar um entendimento com a base sobre a importância do diálogo em momentos bem planejados.
Esse episódio evidencia os desafios que o partido PL enfrenta em tempos de polarização política, onde as articulações internas exigem não apenas diplomacia, mas também a construção de um ambiente que ressoe com as expectativas dos senadores. O entendimento de que a transparência e a comunicação são essenciais para a unidade da bancada é uma lição que a situação trouxe à tona e que poderá influenciar futuras negociações e diálogos.
O mal-estar gerado pelo convite ao almoço, portanto, é mais um reflexo das complexidades da política brasileira atual, onde alianças e estratégias são constantemente testadas em um cenário que exige agilidade e cautela. A capacidade de diálogo do PL com diferentes atores políticos pode desempenhar um papel crucial na determinação das diretrizes do partido nos próximos meses.



