Brasil, 2 de dezembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Recurso no STF questiona pontos da Reforma da Previdência de 2019

Semana de julgamento no STF discute a constitucionalidade de mudanças na aposentadoria de servidores públicos e trabalhadores privados

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta semana o julgamento de 13 ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs) que contestam pontos da Emenda Constitucional 103, conhecida como a reforma da previdência de 2019. Os processos avaliam a legalidade de mudanças que afetam aposentadorias de servidores públicos e trabalhadores do setor privado, além de tratar de contribuições e benefícios previstos na legislação reformada.

Pontos polêmicos em discussão no STF

Entre os temas mais controversos está a cobrança de contribuição previdenciária de aposentados e pensionistas do setor público, uma medida que não ocorre no setor privado. Segundo especialistas, essa cobrança pode ferir o princípio da isonomia entre os regimes públicos e privados — hoje, os aposentados do INSS não têm que contribuir com seus proventos.

Outro aspecto que está em análise é a mudança no cálculo do benefício por incapacidade permanente, antiga aposentadoria por invalidez, que sofreu redução após a reforma. A nova regra considera 60% da média salarial mais 2% por ano de contribuição além de 15 anos (mulheres) e 20 anos (homens), impactando, muitas vezes, o valor do benefício recebido.

Disputa sobre aposentadoria especial e idade mínima

Um dos processos em julgamento, proposto pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria (CNTI), questiona a exigência de idade mínima para aposentadoria especial, que anteriormente não tinha obrigatoriedade de idade para trabalhadores expostos a condições nocivas à saúde. A antiga regra permitia aposentadorias após 15, 20 ou 25 anos de atividade sob risco, independentemente da idade.

Entretanto, após a reforma, passaram a ser necessárias idades mínimas — de 55 a 60 anos — conforme o tempo de contribuição e exposição ao risco. A controvérsia reside na adequação dessa mudança ao princípio de proteção à saúde do trabalhador, defendida por especialistas como Nazário Nicolau Maio, que argumenta sobre os riscos de estender a permanência nesses ambientes.

Regras de aposentadoria por invalidez e valores de benefício

O cálculo para aposentadoria por invalidez também foi alterado, passando a considerar 60% da média dos salários, mais 2% por ano de contribuição acima de 20 anos (homens) ou 15 anos (mulheres). Essa mudança reduziu valores de benefícios, criando debates sobre a proteção ao segurado.

Atualmente, o julgamento no STF ainda está empatado: ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes votaram contra as regras antigas, preocupado com o equilíbrio financeiro da previdência, enquanto Edson Fachin e Rosa Weber defenderam a sua inconstitucionalidade, por considerarem a aposentadoria especial uma garantia fundamental para trabalhadores expostos a agentes nocivos, defendendo a volta ao modelo anterior.

Contribuições de servidores e novas regras

A reforma de 2019 também alterou a forma de contribuição dos servidores públicos, permitindo alíquotas progressivas que variam de 7,5% a 22%, conforme a faixa salarial. O debate no STF envolve a constitucionalidade dessa progressividade, com ministros divergindo quanto à sua compatibilidade com o princípio da isonomia.

Além disso, a medida possibilitou a criação de cobranças extraordinárias para cobrir déficits previdenciários de estados e municípios, uma prática que, segundo especialistas, pode gerar riscos de excesso de tributação e impacto nos cofres públicos no futuro.

Implicações futuras se o STF declarar inconstitucionalidades

Se o tribunal declarar a inconstitucionalidade de pontos como a cobrança de contribuição de aposentados ou a regra de idade mínima, muitos segurados poderão solicitar revisão de benefícios pagos com valores inferiores aos que teriam direito com a legislação anterior. Contudo, essa possibilidade dependerá da modulação da decisão pelo STF, que pode limitar efeitos retroativos.

Segundo Nazário Nicolau Maio, advogado especializado em Direito Previdenciário, “a revisão dos valores é um direito do segurado, mas a decisão final do STF poderá modular a aplicação para não impactar todo o período”.

Perspectivas para o julgamento na semana

A expectativa é de que, com a análise de todas as ações, o STF defina se mantém a constitucionalidade das mudanças ou restaura o modelo anterior. Caso sejam reafirmadas as inconstitucionalidades, haverá impacto na legislação previdenciária e benefícios de milhares de brasileiros, além de possíveis revisões em aposentadorias já concedidas.

O julgamento ainda está em andamento, com voto de desempate aguardado do ministro Gilmar Mendes, que pode decidir se as regras atuais permanecem ou se haverá mudanças na legislação previdenciária brasileira.

Para mais detalhes, confira o artigo completo.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes