A Airbus confirmou nesta segunda-feira (1º) que identificou um problema de qualidade industrial em painéis metálicos de alguns aviões da série A320. A companhia anunciou o recall de aproximadamente 6 mil aviões, incluindo unidades operadas por companhias brasileiras, como Latam e Azul Linhas Aéreas, embora essas afirmem que suas operações não serão afetadas.
Origem do problema e ações corretivas
Segundo um porta-voz da Airbus, o problema teve origem em um fornecedor cujo nome continuará em sigilo. A empresa declarou que a origem foi identificada, contida e que todos os painéis recém-produzidos estão em conformidade com os requisitos técnicos. A medida acompanha um recall de software anunciado na semana passada, devido a uma vulnerabilidade de software à radiação solar que afetou mais da metade da frota do modelo.
“Todos os painéis produzidos recentemente estão dentro dos padrões, e o problema foi controlado”, afirmou o porta-voz. Apesar disso, menos de 100 unidades ainda podem necessitar de reparo de hardware mais complexo, o que pode atrasar sua operação.
Contexto do recall e impacto operacional
Esse recall de 6 mil aviões representa um dos maiores em toda a história da Airbus. O incidente foi agravado pelo fato de, no fim de semana, mais da metade da frota da família A320 precisar passar por reparos devido a uma vulnerabilidade de software relacionada à radiação solar. Ainda não há sinais de impacto direto em aeronaves em voo, mas a Airbus viu suas ações fechar em queda de 5,9% nesta segunda-feira.
O problema de software foi detectado após a companhia aérea americana JetBlue enfrentar um episódio de emergência a partir de um voo de Cancún para Newark, que precisou de pouso de emergência em Tampa. Esse incidente motivou a realização de atualizações emergenciais em toda a frota global do modelo.
Resposta global e situação nas principais regiões
Europa e América do Norte
Na Europa, companhias como Lufthansa e Wizz Air aplicaram as atualizações durante a noite, minimizando atrasos. Reguladores britânicos relataram que o tráfego aéreo no Reino Unido foi pouco afetado, com poucos cancelamentos ou interrupções. Nos Estados Unidos, a American Airlines informou que 209 de seus 480 A320 precisaram de correção, com a maioria já atualizada, e companhias como Delta e JetBlue também estão realizando os reparos.
Ásia, Oriente Médio e América Latina
No Japão, a ANA cancelou 95 voos neste sábado, afetando cerca de 13.500 passageiros. Na Colômbia, a Avianca suspendeu vendas de passagens até 8 de dezembro devido ao recall que atingiu mais de 70% de sua frota. Países como Índia, Kuwait, Taiwan e Macau também realizaram inspeções e atualizações nos seus A320.
No Brasil, as companhias Latam e Azul comunicaram ao g1 que o recall não deverá impactar suas operações, mantendo a normalidade nas rotas nacionais e internacionais.
Implicações do recall e cenário futuro
O recall da Airbus, envolvendo uma quantidade recorde de aeronaves, é considerado um dos mais amplos na história da fabricante. A companhia destacou que, em alguns casos, o reparo de hardware pode ser menos trabalhoso do que o previsto inicialmente, o que pode acelerar a retomada total das operações. Ainda assim, executivos ressaltam que a medida representa um desafio logístico e potencialmente de custos, dado o contexto global de escassez de peças e mão de obra especializada.
O incidente que motivou a ação aconteceu em outubro, com um voo da JetBlue com problemas no controle de voo e queda de altitude, levando à pouso de emergência. As ações da Airbus refletem a preocupação do mercado, diante de uma crise que pode afetar a imagem do modelo mais vendido da sua história, o A320, que recentemente superou o Boeing 737 em entregas.
Atualizações de software estão sendo realizadas de forma intensiva em diversos países, e a expectativa é de que, ao longo da semana, a normalidade seja restabelecida em grande parte dos aeroportos afetados. A Airbus afirma estar empenhada em resolver rapidamente todas as unidades em solo, garantindo a segurança e a confiabilidade de sua frota.


