A Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília, que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão, tem se destacado não apenas pela presença do ex-mandatário, mas pelo cotidiano de outros detentos em sua custódia. Desde a sua prisão, a superintendência tornou-se um local de alta segurança, refletindo a gravidade da situação em meio a um contexto político conturbado.
Condicões especiais de detenção
Bolsonaro está alojado em uma sala de aproximadamente 12 metros quadrados, que foi especialmente preparada para ele. O ambiente conta com cama de solteiro, ar-condicionado e frigobar, em um contraste marcante com as normais condições carcerárias. O ex-presidente tem direito a duas horas diárias de sol, com horários adaptados conforme sua saúde, já que ele recentemente passou por tratamento devido a lesões de câncer de pele.
Rotina dentro da superintendência
Apesar das condições diferenciadas, Bolsonaro permanece sozinho na sala, exceto pela companhia de um policial federal, com quem costuma conversar. Essa rotina está longe de ser habitual para a maioria dos detentos, que geralmente são transferidos após períodos curtos na superintendência. Aliás, o local habitual de prisão da maioria dos detentos está no Complexo Penitenciário da Papuda.
Segurança e vigilância permanente
Desde a detenção de Bolsonaro, a PF intensificou os protocolos de segurança na superintendência. O esquema inclui vigilância constante na sala ocupada pelo ex-presidente, checagem rigorosa das refeições e estratégias para prevenir acessos indesejados, como a utilização de armas anti-drone para evitar aproximações de apoiadores durante a sua custódia.
Com o aumento da segurança, o acesso ao prédio foi restringido exclusivamente a servidores e visitantes autorizados. Cada entrada é rigorosamente monitorada, com verificações individuais sobre a razão da presença e registro dos destinos de cada visitante. Essas medidas visam barrar a entrada de curiosos e garantir um ambiente controlado e seguro.
Visitas e interações
Até o momento, Bolsonaro recebeu visitas de sua família, incluindo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e seus filhos, Flávio e Carlos Bolsonaro. No entanto, mesmo as visitas são submetidas a uma revista eletrônica antes do acesso à área restrita, enfatizando a preocupação com a segurança e o controle de quem tem acesso ao ex-presidente.
Casos adicionais de detenção na superintendência
Embora a superintendência seja reconhecida principalmente pela detenção de Bolsonaro, outros detentos também têm passado por lá. Recentemente, Alessandro Stefanutto, o ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), foi detido por suspeitas de irregularidades em aposentadorias e pensões, seguindo o mesmo procedimento de custódia provisória antes de ser transferido para o sistema prisional.
Outro notável caso que passou pela superintendência foi o de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Assim como Stefanutto, ele estava, por um período, sob custódia temporária na superintendência antes de sua transferência.
Consequências legais e ação do STF
A condenação de Jair Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), foi formalizada e, com isso, não há mais possibilidades de apelação. O ex-presidente, junto com outros ex-integrantes da cúpula das Forças Armadas, enfrenta a realidade de penas impostas devido ao envolvimento em tentativas de golpe após a conturbada eleição de 2022.
Com presos como os ex-ministros Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, que estão sob custódia no Comando Militar do Planalto, e Almir Garnier no espaço militar conhecido como “fortaleza”, a superintendência mostra-se um ponto de convergência para figuras de alta relevância política e militar, refletindo o momento tumultuado da política brasileira.
Estão, portanto, em curso não apenas questões de justiça e segurança, mas também um momento que busca transparência e controle das estruturas de poder do país.



