Brasil, 14 de novembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

UFC expulsa estudantes envolvidos em casos de assédio no campus de Quixadá

Universidade Federal do Ceará toma medidas radicais contra assédio, expulsando alunos pela primeira vez.

Em um grande passo na luta contra o assédio no ambiente acadêmico, a Universidade Federal do Ceará (UFC) tomou a decisão histórica de expulsar dois alunos do campus de Quixadá devido ao envolvimento em casos de assédio sexual. Esta é a primeira vez que a instituição aplica essa medida severa em resposta a essas graves acusações, o que demonstra um compromisso inabalável com a segurança e o bem-estar de seus estudantes.

Contexto dos casos de assédio

Os incidentes ocorreram em 2024 e envolveram outras estudantes, que se sentiram corajosas o suficiente para formalizar denúncias junto à administração do campus. As denúncias foram feitas no segundo semestre do ano passado, levando a universidade a estabelecer comissões internas compostas por servidores e discentes para investigar os fatos. O resultado das investigações foi a elaboração de pareceres que recomendavam a expulsão dos agressores.

Histórico de punições e mudanças institucionais

A decisão da UFC em expulsar os alunos é um marco importante, especialmente considerando que, anteriormente, as punições máximas previstas para casos de assédio sexual eram de apenas três meses de suspensão. Esse cenário era resultado de uma regulamentação insuficiente e a ausência de diretrizes claras que abordassem esses atos de violência dentro do ambiente universitário.

João Vilnei, coordenador do Núcleo de Comunicação do Campus da UFC em Quixadá, destacou a importância de ter um conjunto regulatório que guie os procedimentos em situações como essas. “Os casos nos ajudaram a perceber a importância de se regulamentar minimamente o passo a passo para casos como esses”, afirmou.

Criação da Comissão de Enfrentamento e Prevenção ao Assédio

Em resposta à crescente necessidade de uma abordagem mais eficaz contra o assédio, a UFC estabeleceu, no segundo semestre de 2023, a Comissão de Enfrentamento e Prevenção ao Assédio Moral e Sexual. Esta comissão tem trabalhado ativamente na elaboração de uma política institucional voltada para a prevenção e combate ao assédio, promovendo eventos de discussão e consultas públicas em todos os campi da universidade.

Márcia Arão, pró-reitora-adjunta de Assistência Estudantil da UFC e co-presidenta da comissão, explicou que o objetivo é que a minuta da nova política chegue ao Conselho Universitário para apreciação. “A atividade para construção da minuta da política mexeu com a comunidade acadêmica, trazendo luz à temática dentro da universidade”, disse Arão, ressaltando a importância de criar um ambiente mais seguro e acolhedor para todos os alunos.

Acolhimento e apoio às vítimas

A UFC também se comprometeu a cuidar das vítimas de assédio, oferecendo apoio psicológico e orientações sobre seus direitos. O trabalho de acolhimento foi, em grande medida, liderado por Rayanny Alves, assistente social do campus de Quixadá, que destacou a importância de garantir que as vítimas não fossem revitimizadas durante o processo. “Inicialmente, as acolhi, depois formalizei o processo de denúncia internamente”, afirmou.

Esse esforço conjunto não apenas auxilia as vítimas, mas também busca reforçar a cultura de respeito e dignidade no ambiente acadêmico, mostrando que casos de assédio não serão tolerados. A atuação proativa da UFC é vista como um exemplo do que outras instituições podem e devem fazer para combater a violência de gênero.

O papel da universidade na sociedade

Segundo o professor João Vilnei, “Esse assunto tem que aparecer nas aulas, nos trabalhos, nos projetos de extensão, nos eventos que realizamos, não pode ser só falado quando aparece um caso.” Ele enfatiza o papel que a universidade tem na formação de cidadãos e cidadãos conscientes e respeitosos, ressaltando que a UFC deve contribuir ativamente para a construção de um mundo melhor para todos, especialmente para as mulheres.

Os acontecimentos no campus de Quixadá da UFC são uma prova de que mudanças significativas podem ocorrer quando as instituições educacionais adotam políticas rigorosas e tratam questões de assédio com a seriedade que merecem. A esperança é que outras instituições sigam o exemplo da UFC, criando ambientes mais seguros e acolhedores para todos os estudantes.

Assista aos vídeos mais vistos do Ceará e mantenha-se atualizado sobre as últimas notícias. Para acompanhar mais sobre esse e outros temas importantes, siga o canal do g1 Ceará no WhatsApp.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes