A recente escalada nas tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela ganhou novo contorno com a declaração do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, de que seu país está “pronto para agir” em apoio a Caracas. Esta posição surge em meio a uma crescente presença militar dos EUA nas proximidades da nação sul-americana, a qual Washington classifica como parte de uma operação de combate ao narcotráfico.
Acordos estratégicos entre Rússia e Venezuela
No último mês de maio, a Rússia e a Venezuela assinaram um acordo de parceria estratégica que, segundo Lavrov, está “em fase final de ratificação”. O ministro enfatizou que o acordo prevê a continuidade da cooperação em segurança, incluindo a colaboração técnico-militar. O fortalecimento dos laços entre os dois países é percebido como uma resposta direta à crescente presença militar dos Estados Unidos na região.
Recentemente, a Venezuela inaugurou uma instalação destinada à fabricação de munições para fuzis Kalashnikov, um movimento que mostra a intenção de aumentar sua capacidade bélica, mesmo antes de o acordo com a Rússia entrar em vigor. Além disso, um avião cargueiro russo, conhecido por realizar entregas de materiais de defesa, pousou na Venezuela, intensificando as especulações sobre o futuro das relações militares entre os dois países.
Medidas militares dos EUA e resposta da Venezuela
O aumento das operações militares dos Estados Unidos, incluindo a chegada do porta-aviões USS Gerald R. Ford e três outros navios de guerra às águas venezuelanas, pode ser interpretado como uma movimentação estratégica para combater o tráfico de drogas, mas também como uma demonstração de força contra nações como Venezuela e Rússia. O governo de Trump afirma estar intensificando esforços para deter as embarcações suspeitas no Caribe e no Pacífico oriental.
Como resposta, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino Lopez, anunciou a mobilização de 200.000 tropas para enfrentar o que considera uma ameaça imediata provocada pela presença militar dos Estados Unidos. Essa ação reflete a determinação do governo de Nicolás Maduro em proteger o território nacional e contrabalançar as pressões externas.
O papel da Rússia e perspectivas futuras
Um membro do comitê de defesa do parlamento russo, Alexei Zhuravlev, destacou que não há impedimentos para que Moscou forneça à Venezuela novos avanços em termos de equipamentos militares. Segundo ele, a Rússia já tem um histórico de fornecimento de armas, que varia de armamentos leves a aeronaves. Isso sugere que, caso a situação se agrave, a Venezuela poderia obter novos sistemas de armas, incluindo mísseis balísticos de alcance intermediário.
Ainda que a Venezuela não tenha solicitado oficialmente ajuda militar ou armamentos russos até o momento, as declarações dos oficiais russos sinalizam uma abertura para a possibilidade de envio de recursos militares adicionais, o que poderia surpreender os Estados Unidos em caso de confrontos diretos.
Num cenário global onde o poder militar e as alianças são testados, a interação entre Rússia e Venezuela representa não apenas um elemento de apoio mútua, mas também um reflexo das dinâmicas geopolíticas que estão em constante mudança. A continuidade desse relacionamento será crucial nas próximas etapas desse confronto entre potências.
Os próximos meses poderão revelar até onde essas tensões podem chegar e quais serão as consequências para a América do Sul e para as relações internacionais, especialmente entre as grandes potências.


