A COP30, Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, está sendo marcada por diálogos significativos, incluindo um encontro dedicado ao aspecto inter-religioso, promovido pela REPAM – Rede Eclesial Pan-Amazônica. Durante esse evento, líderes de diversas tradições religiosas se reuniram para discutir a necessidade urgente de cuidar do planeta e humanizar a luta contra a crise climática.
Fé como fundamento para a ação conjunta
Dom Nereudo Freire Henrique, bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, destacou que a verdadeira fé deve se traduzir em ações concretas. Segundo ele, “a fé sem as obras não tem sentido”. Essa ideia foi a essência de sua mensagem durante a COP30, onde enfatizou a importância de trabalharmos juntos, independentemente das diferenças religiosas, em prol da proteção da vida e do nosso planeta, como anseios universais.
“Aqui, encontramos pessoas de todas as culturas, com o mesmo propósito: cuidar da vida e do planeta,” afirmou Dom Nereudo, relembrando que esse é um momento de renovação da esperança e autenticidade espiritual. Para ele, é fundamental que cada religião avalie suas práticas e ensinamentos, assegurando que estão alinhados com a mensagem de amor e cuidado pelo próximo.
A voz profética contra a crise climática
A pastora Sônia Mota, integrante da Igreja Presbiteriana Unida e diretora da SESI, também participou ativamente do encontro. Ela sublinhou a necessidade de uma voz profética que denuncie as crises climáticas e as alianças fundamentalistas que têm emergido, afetando comunidades tradicionais e seus habitats. “Nós estamos vivendo talvez a maior crise climática de todos os tempos. É fundamental que a fé sirva como um catalisador para a defesa da nossa casa comum,” disse Sônia.
Em conversa com os líderes presentes, Mota disse que as tradições de fé desempenham um papel crucial ao alcançar comunidades em diversas regiões, utilizando a espiritualidade para engajar as pessoas na luta pela preservação ambiental. “A fé nos lembra que não somos proprietários, mas sim jardineiros da criação,” completou.
Compromisso inter-religioso e esperança para o futuro
Ambos os líderes concordam que a COP30 é uma oportunidade para fortalecer laços entre as religiões e reafirmar o compromisso com ações que promovem justiça social e ambiental. Dom Nereudo expressou esperança de que, ao final da conferência, possa-se construir um mundo mais fraterno, solidário e justo, com maior cuidado com a vida humana e com o planeta.
Como enfatizou Sônia Mota, a resposta ao clamor da terra não depende da religião que professamos, mas sim da compreensão de que todos estão interligados em um ecossistema que precisa de cuidados. “Não temos um plano B. Devemos agir agora para preservar a nossa casa comum,” concluiu.
Assim, o encontro na COP30 não é apenas uma reunião entre líderes religiosos, mas um chamado à ação para todos nós. À medida que enfrentamos crises sem precedentes, a união das tradições religiosas pode ser uma força poderosa na luta pela justiça climática e pela proteção do planeta para as futuras gerações.
O diálogo inter-religioso destaca a importância de cada um de nós se tornar um guardião da criação, promovendo a paz e o cuidado com a terra, elementos essenciais para um futuro mais sustentável e harmonioso.


