Brasil, 14 de novembro de 2025
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Real deve liderar ganhos cambiais até 2035, prevê Goldman Sachs

Relatório aponta potencial de valorização do real brasileiro e de moedas emergentes, impulsionado pelo carry trade e fatores globais

O banco Goldman Sachs projeta que o real brasileiro (BRL) será a moeda emergente com maior potencial de valorização até 2035. O estudo “FX in 2035 — Finding fair and getting there” destaca que, além do real, o peso colombiano (COP) e o rand sul-africano (ZAR) também se destacam entre as moedas com maior expectativa de ganhos cambiais nos próximos anos.

Carregamento de ganhos pelo carry trade

A análise do banco combina a expectativa de valorização cambial com os juros domésticos, formando uma combinação que mantém os emergentes em evidência no cenário global de carry trade. Segundo Teresa Alves, estrategista sênior de câmbio para mercados emergentes do Goldman Sachs, esse movimento é sustentado pelo comportamento das moedas, que tendem a superar as previsões tradicionais devido ao chamado forward premium puzzle, um enigma da economia internacional que mostra moedas com juros altos frequentemente rendem mais do que se espera.

Risco de reversão e incertezas

Apesar da perspectiva positiva, especialistas alertam que prever o câmbio em um horizonte de dez anos é uma tarefa de alta complexidade. Gabriel Giannecchini, analista de multimercados da ASA Investments, pondera que o cenário atual, de forte carry trade, pode não se manter por uma década, dado que países emergentes ainda enfrentam fragilidades econômicas e fiscais. “A alta recente das moedas reflete mais o enfraquecimento do dólar do que avanços internos”, afirma.

Valorização e valores justos até 2035

O Goldman Sachs estima que o real pode se valorizar cerca de 8,5%, com um ganho adicional de 109% por juros, totalizando uma expectativa de retorno de 118% em dez anos. Para o rand sul-africano, a valorização projetada é de 16%, com ganhos via carry trade de 44%, chegando a um retorno de 60%. O relatório também sugere que essas moedas podem se aproximar de seus valores justos, especialmente com um dólar menos sobrevalorizado e melhorias fiscais nas economias emergentes.

Perspectivas e riscos

Apesar das projeções otimistas, especialistas ressaltam as incertezas de longo prazo. Gabriel Giannecchini destaca que o desempenho recente dessas moedas está mais ligado ao enfraquecimento do dólar do que a avanços internos sustentáveis. “Movimentos ambientais e políticos podem inverter rapidamente essa tendência”, alertam.

Enigma do mercado cambial e previsão de modelos

O professor André Duarte, macroeconomista da PUC-Rio, lembra que quase todos os modelos de previsão do câmbio apresentam alto grau de erro. “O mercado reage a fatores que vão além dos fundamentos econômicos, tornando a previsão uma tarefa quase impossível a longo prazo”, explica. Além disso, Duarte destaca que decisões políticas e fiscais estão exercendo maior influência sobre as moedas emergentes do que há duas décadas, tornando o cenário mais volátil.

Alta volatilidade e o papel da inflação

O relatório do Goldman Sachs também revela que moedas de países com inflação elevada atualmente tendem a oferecer retornos maiores no futuro, pois os contratos de câmbio já incorporam um “prêmio” por risco inflacionário. Quando esse risco não se concretiza, parte do prêmio vira ganho efetivo.

Risques e condições para valorização do real

Apesar do potencial, há ressalvas quanto ao desempenho do real. Duarte enfatiza que uma forte melhora fiscal seria essencial para sustentar qualquer valorização, enquanto que incertezas fiscais podem limitar ou até reverter o avanço. A mesma cautela vale para outras moedas emergentes, cujo movimento de valorização ainda depende de disciplina fiscal e estabilidade institucional.

De acordo com Teresa Alves, do Goldman Sachs, “o momento é positivo, mas essas moedas continuam vulneráveis a choques externos, como uma deterioração nos preços das commodities ou uma mudança na política monetária americana”. Ela acrescenta que, em tempos de maior estresse, o capital internacional tende a sair rapidamente desses mercados, reforçando a importância de fatores domésticos para a sustentabilidade da valorização cambial.

Para saber mais, acesse o relatório completo do Goldman Sachs.

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