A Operação Coffee Break, realizada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira, 12 de novembro, desvendou um sofisticado esquema de fraudes em licitações na educação em São Paulo. O foco das investigações está em uma rede que converteu transferências bancárias em dinheiro em espécie, envolvendo propinas que alcançaram valores elevados, estimando-se até R$ 10 milhões. O principal suspeito do esquema é André Gonçalves Mariano, proprietário da empresa Life Tecnologia Educacional.
O ciclo de lavagem de dinheiro
Investigadores apontam que Mariano desempenhava um papel central na ocultação das propinas geradas por licitações superfaturadas. De acordo com a PF, a empresa Life utilizava recursos públicos desviados para pagar vantagens indevidas a agentes públicos e intermediadores políticos. Essa prática criminosa inclui transferências bancárias via TED, pagamentos em boletos e até PIX de R$ 485 mil para um “laranja”.
Entre os métodos utilizados para a lavagem do dinheiro, destaca-se a atuação do doleiro Abdalla Ahmad Fares, que era responsável por converter os valores em espécie. Segundo as investigações, Mariano transferia dinheiro da Life para Fares, que então entregava cédulas ao empresário, cobrando uma taxa de 3% por seus serviços. Esses valores eram utilizados para o pagamento de lobistas e outros envolvidos nas fraudes.
Estratégias de ocultação de valores
As transferências de dinheiro eram justificada com contratos de prestação de serviço falsificados, criando a ilusão de legalidade. Mariano deslocava-se pessoalmente para retirar o produto das transações, que, em muitos casos, eram acondicionadas de forma discreta em sacos plásticos. Entre janeiro de 2022 e junho de 2023, a PF estima que Mariano tenha retirado aproximadamente R$ 10,3 milhões em espécie, quantia que ficou conhecida como “café”, a denominação dada às propinas distribuídas.
Adicionalmente, uma transação via PIX de R$ 485 mil foi enviada a um “laranja”, ex-secretário de educação de Sumaré, no final de 2024. Este “laranja” possui um perfil de baixa renda e apresenta irregularidades em seus registros, o que leva a crer que ele atuava como uma fachada para ocultar a verdadeira origem dos valores. Mariano também foi implicado no pagamento de uma parte de um apartamento de luxo em Campinas, indicando a magnitude das transações ilícitas.
O estilo de vida luxuoso de Mariano
Com um patrimônio avaliado em proporções altíssimas, André Gonçalves Mariano levava um estilo de vida luxuoso, incluindo um apartamento de R$ 10 milhões em São Paulo e uma frota de veículos de alto padrão, como BMWs. O empresário também foi reportado com despesas exorbitantes em vinhos, totalizando R$ 115 mil e viagens internacionais. Sua ostentação é um retrato do golpe que caixa a corrupção na administração pública.
Primeiras prisões e mandados cumpridos
Na ação deflagrada pela PF, foram cumpridos 50 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, não apenas na capital paulista, mas também no Distrito Federal e no Paraná. O impacto da operação foi sentido em várias cidades, onde as investigações demonstraram um esquema profundo e complexo, que resultou no desvio de mais de R$ 111 milhões de recursos públicos.
Repercussão e respostas das autoridades
A operação gerou reações de autoridades envolvidas. A prefeitura de Hortolândia, aguardando acesso ao inquérito, se comprometeu a tomar medidas assim que tiver mais informações. A defesa do vice-prefeito da cidade declarou que buscará a reversão da prisão preventiva. A Life Tecnologia Educacional, principal alvo da investigação, optou por não se pronunciar sobre as acusações.
As evidências acumuladas pela PF retratam um panorama sombrio sobre a realidade das licitações públicas no Brasil, indicando uma necessidade urgente de revisão dos processos de controle e fiscalização para evitar que novos esquemas semelhantes sejam estabelecidos.
As investigações continuam, e a sociedade aguarda por desdobramentos que possam trazer mais clareza sobre a extensão do esquema e as responsabilidades de todos os envolvidos.Fique atento às atualizações.
