No último dia 12 de novembro, a interrupção de cinco horas do tráfego no Rodoanel, causada por uma carreta que ficou atravessada devido a uma suspeita de explosivo, trouxe à tona uma série de queixas de motoristas sobre a demora no atendimento de socorro mecânico na via. A situação não é nova e levanta questionamentos sobre a infraestrutura da rodovia e a eficiência do atendimento prestado pelas concessionárias.
Queixas se acumulam entre motoristas
A equipe de reportagem da TV Globo percorreu o Rodoanel por dois dias e encontrou motoristas em situações de abandono, esperando por socorro por horas. Ivanir Landro, um caminhoneiro que saiu de Santa Catarina com destino ao Rio Grande do Norte, relatou a sua frustração: “Duas horas no telefone chamando no 0800 e eles não vêm atender. Não tem o que fazer porque não tem como arrumar aqui. Não tem mecânico aqui”.
Outro motorista, Mauro Reis, afirmou que a rodovia carece de estrutura: “Eu acho que precisava ter uns postos aqui no meio, porque ela é meio deserta mesmo de um pedaço pra cá”. Mauro, cuja carreta quebrou às 2h da madrugada do dia 12, aguardou até às 17h para que um mecânico conseguisse buscar uma peça necessária em Campinas.
Demora no atendimento e falta de fiscalização
Durante o socorro da carreta que havia bloqueado a pista, outros motoristas expressaram insatisfação com a demora da Polícia Rodoviária. Em um vídeo registrado no local, um dos motoristas lamentou: “Já faz uma hora que chamou a Polícia Rodoviária e nada”. Isso expõe um outro problema grave: a falta de fiscalização no Rodoanel.
Reportagens identificaram que muitos veículos utilizam o acostamento para desviar do tráfego, criando uma situação de risco. Um incidente trágico recente, que resultou na morte de quatro pessoas após um carro cair de um viaduto, destaca a necessidade de melhores medidas de segurança na rodovia.
A infraestrutura do Rodoanel e suas falhas
O Rodoanel é dividido em quatro trechos, sendo que apenas o Norte ainda está em construção. A parte Oeste, que abrange 29 quilômetros, é gerida pela CCR, enquanto os trechos Sul e Leste, totalizando 105 quilômetros, estão sob responsabilidade da SPMAR. Ambas as concessionárias têm sido questionadas sobre a qualidade dos serviços prestados.
De acordo com informações fornecidas pela SPMAR, existem 43 viaturas da Polícia Militar Rodoviária operacionalizando os dois trechos, além de quatro pontos de atendimento da concessionária. A CCR também declarou possuir câmeras de monitoramento e postos da polícia em seu trecho. No entanto, motoristas afirmam que a resposta a emergências é insuficiente.
Obras e necessidades de melhorias
As obras do Rodoanel começaram em 1998, com o objetivo de aliviar o tráfego de caminhões na Região Metropolitana. Contudo, o projeto enfrentou desafios enormes, como atravessar áreas ambientais, priorizando um impacto reduzido. O resultado foi a construção de poucas entradas e saídas, o que poderia justificar a ausência de serviços de apoio na rodovia.
Ciro Birdeman, diretor da FGV Cidades e colaborador do projeto na década de 1990, sugere uma revisão das regras de concessão para permitir o desenvolvimento de serviços que beneficiem os motoristas sem prejudicar o meio ambiente. “Pensar na nova concessão é essencial para gerar receitas acessórias e garantir um atendimento adequado aos caminhoneiros, que não podem ficar à mercê da sorte”, enfatiza Birdeman.
As queixas de motoristas e a falta de atenção das autoridades e concessionárias podem ter sérias implicações não apenas para aqueles que transitam pela rodovia, mas também para a segurança nas estradas. Melhorias e um atendimento mais eficaz são urgentes para garantir a segurança e o bem-estar dos motoristas que utilizam essa importante via de acesso.


