O governo brasileiro lançou nesta sexta-feira (14), durante a COP30 em Belém, a quarta rodada do Eco Invest Brasil, programa que visa atrair capital privado para projetos sustentáveis na Amazônia. A iniciativa prevê recursos de até US$ 4 bilhões, combinando financiamento público e privado para fortalecer cadeias produtivas que promovem inclusão social, renda e conservação na região.
Foco na preservação e sustentabilidade da Amazônia
Pela primeira vez, o Eco Invest Brasil destinará recursos exclusivamente para a Amazônia. A nova rodada busca consolidar iniciativas que promovam a preservação da floresta em pé, além de fortalecer atividades econômicas sustentáveis e combater atividades ilegais relacionadas ao desmatamento.
A estratégia é direcionada para atender pequenas empresas, cooperativas, comunidades tradicionais e produtores locais, que enfrentam dificuldades de acesso a financiamentos de maior porte. Os projetos deverão concentrar-se em três setores prioritários: bioeconomia, turismo ecológico sustentável e infraestrutura habilitante.
Projetos prioritários na nova rodada
- Bioeconomia: promove cadeias da sociobiodiversidade, bioindústrias, insumos sustentáveis e restauração ecológica;
- Turismo ecológico sustentável: iniciativas voltadas à atração de turistas internacionais por meio de ecoturismo;
- Infraestrutura habilitante: investimentos em energia renovável descentralizada, conectividade digital e transporte para fortalecer cadeias produtivas locais.
Modelo financeiro inovador e incentivos adicionais
O governo federal, por meio do Tesouro Nacional, oferecerá empréstimos às instituições financeiras vencedoras com juros de 1% ao ano. Essas instituições deverão captar um volume de capital privado quatro vezes maior que o valor recebido, sendo pelo menos 60% de origem estrangeira. Os recursos serão repassados aos projetos via crédito ou fundos, sempre com instrumentos que minimizem riscos.
Uma novidade nesta edição é um incentivo adicional do Tesouro correspondente a 20% do valor arrecadado, destinado a ações de assistência técnica, capacitação e suporte a pequenos produtores em projetos mais complexos e arriscados.
Além disso, o programa contará com uma ferramenta de hedge cambial, promovida pelo BID e pelo Banco Central, que disponibilizará US$ 3,4 bilhões em derivativos para proteger contra a volatilidade do dólar, com início previsto para o primeiro semestre de 2026.
Metas, cronograma e critérios de seleção
O governo estima mobilizar até US$ 1 bilhão em recursos públicos, incluindo o Fundo Clima e o BID, além de até US$ 3 bilhões em capital privado. A documentação do leilão será divulgada em breve, e as propostas deverão ser apresentadas no início de 2026, com o anúncio dos projetos vencedores esperado para o mesmo período.
Em caso de empate, critérios como capacidade de alavancagem financeira, potencial de bioindustrialização e volume de capital estrangeiro serão considerados na seleção dos projetos.
Histórico e impacto dos leilões anteriores
Desde sua criação na COP28, em 2023, o Eco Invest Brasil já realizou três leilões e mobilizou mais de R$ 75 bilhões (cerca de US$ 13,16 bilhões), sendo R$ 46 bilhões de investidores estrangeiros. Segundo o Tesouro Nacional, o programa já gerou compromissos de captação internacional de US$ 14 bilhões.
Executivos do governo e organismos internacionais ressaltaram a importância do programa para o crescimento sustentável do país. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que “a floresta em pé gera mais valor e oportunidades do que a devastação”.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reforçou que a iniciativa fortalece cadeias de sociobiodiversidade e promove o turismo sustentável, contribuindo para a geração de renda, inclusão social e conservação da floresta.
Perspectivas futuras e próximos passos
Para 2026, espera-se que o ritmo do programa seja menor, com um ou dois novos leilões. O governo também priorizará a melhoria da governança dos projetos, adaptando um portal público de transparência para acompanhar os resultados alcançados.
Segundo o Ministério da Fazenda, a iniciativa reforça o compromisso do Brasil com a economia de baixo carbono e a preservação amazônica, mobilizando fundos internacionais e locais para um desenvolvimento sustentável da maior floresta tropical do mundo.
Para mais detalhes, confira a reportagem completa da EBC sobre o leilão.


