Os bispos do Sudão e do Sudão do Sul expressaram sua profunda preocupação com a escalada da violência e a crise humanitária que aflige ambos os países. Durante sua sessão plenária realizada em Malakal de 7 a 14 de novembro, eles rezaram pela paz e apelaram a um diálogo urgente para pôr fim aos conflitos que têm causado sofrimento a milhões de pessoas.
A crise humanitária no Sudão
Na declaração, os bispos foram contundentes em sua análise da situação no Sudão. A crise no país, que já se arrasta há anos, está se agravando rapidamente. Recentes relatos da mídia destacam brutalidades como assassinatos em massa e atos de violência sexual atribuídos às Forças de Apoio Rápido (RSF) em El Fasher, na região do Darfur do Norte.
Os bispos afirmam que a continuidade da guerra e da situação humanitária no Sudão coloca os cidadãos em um estado de vulnerabilidade extrema. Eles enfatizam que a deterioração da segurança e da política no Sudão precisa de uma resposta internacional mais contundente e eficaz para salvaguardar a dignidade e a vida dos sudaneses.
Condições alarmantes no Sudão do Sul
O Sudão do Sul também enfrenta uma situação crítica. Conforme informações do site Amani Africa, a situação política e a segurança estão se deteriorando ainda mais, especialmente após a detenção de altos funcionários, incluindo o primeiro vice-presidente, Riek Machar. Fações dissidentes surgiram, e há a presença de tropas ugandesas e intensificação das operações militares das Forças de Defesa Popular do Sudão do Sul (SSPDF) contra o SPLM/A-IO e grupos aliados.
A possibilidade de um colapso na transição política no Sudão do Sul é uma preocupação crescente, o que pode levar a um novo ciclo de violência. Os bispos expressam que o diálogo, uma vez visto como um caminho para a reconciliação e harmonia, agora parece estar em crise e é insuficiente para resolver os conflitos existentes.
Demandas por respeito à dignidade humana
Na declaração, os bispos condenam a espantosa falta de respeito pela dignidade humana demonstrada pelos líderes políticos. Eles afirmam que as disputas internas e o egoísmo desses líderes são prejudiciais e refletem uma grave falta de empatia pelos cidadãos que sofrem. Ao mesmo tempo, destacam que o Sudão e o Sudão do Sul, ricos em recursos naturais, estão vendo suas riquezas serem apropriadas por poucos, enquanto a população permanece na pobreza extrema.
Além disso, os prelados mostram-se alarmados com o aumento das divisões étnicas e tribais, que estão sendo ampliadas em nome da política. Essas divisões têm causado desconfiança e um sentimento de insegurança entre as diversas comunidades, dificultando ainda mais qualquer esforço de unidade e paz.
Esperança e solidariedade
Apesar das dificuldades, os bispos reafirmaram sua esperança de que um diálogo sincero possa ser a chave para a resolução dos conflitos. Eles expressaram solidariedade com o povo do Sudão e do Sudão do Sul, ressaltando que compartilham da dor e do sofrimento daqueles que vivem sob condições adversas. Em sua conclusão, destacam a importância de um compromisso contínuo com o diálogo, a reconciliação e a promoção da paz.
A apelação da ONU
No mesmo dia em que os bispos divulgaram sua declaração, o Secretário Geral da ONU, António Guterres, expressou sua preocupação com a gravidade da situação nos dois países. Ele pediu em suas redes sociais que o fornecimento de armas para os grupos em conflito cesse imediatamente e que a ajuda humanitária chegue rapidamente aos civis que necessitam. Guterres pediu para que as hostilidades cessem e exortou as forças armadas do Sudão a tomarem medidas urgentes em direção a uma solução negociada.
Enquanto a comunidade internacional observa com preocupação, os apelos dos bispos e da ONU ressaltam uma urgência em agir para mitigar o sofrimento da população e promover a paz duradoura na região.


