O Estádio Nilton Santos, mais conhecido como Engenhão, pode ter um novo destino em breve. O deputado Alexandre Knoploch (PL) propôs nesta quarta-feira (12) incluir o terreno onde está localizado o estádio na lista de imóveis que o Governo do Estado do Rio de Janeiro pretende vender para reduzir sua dívida com a União. A proposta foi apresentada durante uma sessão na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), onde os parlamentares discutiram mudanças no projeto original do governo, que sofreu adiamentos recentes.
Proposta em discussão na Alerj
A proposta de venda do Engenhão foi debatida durante a sessão em que a Alerj discutia emendas ao projeto de privatização de bens públicos. Knoploch, que é relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), enfatizou que, embora o Botafogo tenha a concessão do estádio, o terreno em que ele se encontra é de propriedade do Estado do Rio. “Ainda há um entendimento de que o terreno pertence à Central Logística e, por isso, estamos propondo que o Engenhão também seja colocado à venda,” afirmou o deputado.
A venda de imóveis públicos para a redução da dívida do estado tem sido uma estratégia adotada pelo governo, mas não é uma solução simples. Além do Engenhão, Knoploch revelou que pretende incluir rodoviárias em sua proposta, como as de Novo Rio, Niterói, Nova Friburgo e Nova Iguaçu. Ele defendeu que a gestão dessas rodoviárias poderia ser feita por empresas privadas, enquanto o Estado manteria um papel de fiscalização.
A quantidade de bens em negociação
O projeto original visava a venda de 48 imóveis, porém, em discussões anteriores, a CCJ já havia retirado 16 desses endereços e incluído 30 outros, incluindo o famoso Maracanã, a Aldeia Maracanã e 28 propriedades da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Os deputados têm até as 15h desta quinta-feira (13) para apresentar novas emendas e possíveis alterações à lista de imóveis a serem vendidos.
A principal justificativa para essa venda é a necessidade do governo estadual de levantar recursos para aderir ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), que permite a utilização de bens públicos para quitar débitos com a União. Para o ano de 2026, o estado enfrenta um grande desafio orçamentário, com uma previsão de pagamento de R$ 12,3 bilhões apenas em serviços da dívida.
Projeções financeiras e implicações da venda
Knoploch mencionou que com as novas inclusões, o Estado pode arrecadar até R$ 5,5 bilhões. “Com a soma dos imóveis que estamos discutindo, mais o Maracanã, os complexos rodoviários e o terreno do Engenhão, podemos alcançar uma receita significativa que ajudaria o estado a enfrentar suas obrigações financeiras,” disse o deputado. No entanto, para que essa proposta avance, ainda será necessário passar pela votação no plenário da Alerj, onde poderão ser apresentadas mais emendas.
A TV Globo tentava contato com a Prefeitura do Rio para obter mais informações sobre a possível venda do terreno do Engenhão, mas até o fechamento desta reportagem, não obteve resposta. O Estádio do Engenhão possui importância histórica e cultural, sendo um dos principais palcos de eventos esportivos no Brasil. A sua venda levantaria preocupações entre os torcedores e os representantes do Botafogo, que atualmente gerencia o estádio.
Sem dúvida, a proposta de incluir o Engenhão na lista de imóveis a serem vendidos é um assunto polêmico e que deverá ser amplamente discutido nos próximos dias, especialmente considerando o valor simbólico que o estádio tem para o futebol carioca e para a própria identidade do Botafogo.


