Em evento realizado na The Catholic University of America, em 11 de novembro de 2025, especialistas refletiram sobre o impacto de Nostra Aetate, a declaração da Igreja Católica que promove o diálogo com religiões não cristãs. A discussão destacou a continuidade do caminho iniciado há 60 anos, ao enfatizar a importância de nutrir essa relação histórica e promover maior compreensão.
O impacto de Nostra Aetate na relação católico-judaica
Segundo o Bispo Étienne Vetö, ICN, auxiliar de Reims, França, Nostra Aetate foi uma das menores, mas mais influentes, documentos do Concílio Vaticano II. “Quem viajasse no tempo de 1965 para 2025, não acreditaria na qualidade do diálogo hoje crescido entre judeus e cristãos”, afirmou o bispo. *
A especialista Rebecca Cohen, da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA, reforçou que a declaração provocou uma mudança sísmica na compreensão do Judaísmo por parte do Cristianismo, uma transformação revolucionária para seu tempo. Nostra Aetate enfatiza as raízes bíblicas e a história compartilhada, fomentando uma relação que precisa ser continuamente cuidada, segundo Cohen.
Avanços nas relações e novos desafios
O padre Carmelita Craig Morrison destacou que a declaração abriu novas possibilidades para o relacionamento entre católicos e judeus, deixando de lado uma abordagem triunfalista e passando a uma escuta mútua mais autêntica. “Hoje, o maior esforço é ouvirmos os judeus como nunca antes na nossa história comum”, afirmou Morrison. *
Ele também ressaltou que os Evangelhos fazem parte de documentos judaicos e não podem ser entendidos isoladamente do Judaísmo do Segundo Templo, o que reforça a necessidade de uma compreensão mais profunda e respeitosa.

Rabbi Noam Marans reforçou que, antes do documento, os judeus viam o cristianismo como uma ameaça. Hoje, Nostra Aetate representa um presente, pois ajuda os cristãos a romperem com a necessidade de se definirem em oposição ao outro. “Embora não seja perfeito, o documento evoluiu e foi aprimorado ao longo do tempo”, disse Marans.
Perspectivas futuras e a importância da escuta mútua
O padre Morrison destacou que o foco atual deve ser ouvir os judeus para compreender melhor suas raízes e perspectivas, o que também evitará discursos anti-semitas prejudiciais. “Entender o contexto judaico do Primeiro Século ilumina os Evangelhos e enriquece a nossa leitura de Jesus”, explicou.
A continuidade do diálogo e o aprofundamento na compreensão das diferenças e semelhanças ajudam a fortalecer o relacionamento entre as comunidades, contribuindo para uma convivência mais respeitosa e diplomática, afirmou Marans.
Por fim, todos concordaram que Nostra Aetate foi um marco que possibilitou uma relação mais genuína e menos conflituosa, com potencial de crescimento e evolução contínua, promovendo a paz e o entendimento entre Judeus e Católicos.
* Fonte: Catholic News Agency


