A República Tcheca, conhecida por seu património histórico, castelos de conto de fadas e arquitetura medieval, é considerada o país mais ateu da Europa. Com mais de 10,5 milhões de habitantes, cerca de 80% afirmam não ter filiação religiosa, enquanto apenas 9,4% se identificam como católicos, segundo pesquisa de 2017.
Toques miraculosos da presença de Deus
Os missionários locais relatam perceber “toques miraculosos da presença de Deus”, que se refletem na “longa sede por amor e, consequentemente, por Deus”.Segundo estudo de 2017, quase um quarto da população se declara ateia, consolidando a República Tcheca como uma das nações mais secularizadas do continente europeu.
O irmão Šimon Růžička, OFM, responsável pelas missões franciscanas na cidade, explica que eles experienciam “toques divinos” que demonstram uma sociedade sedenta por amor. “Percebemos como Deus toca os corações, muitas vezes antes mesmo de os conhecerem”, afirmou à ACI Prensa, parceiro de notícias em espanhol da CNA.
O padre Daniel Vícha, vicário pastoral da Diocese de Ostrava-Opava, destaca que evangelizar quem “não conhece nada sobre a fé” não é “tão difícil”, pois muitos ficam surpreendidos ao descobrirem questões de fé. “A maioria declara-se ateia, mas 70% acredita em algo”, observa.
Raízes históricas do ateísmo
Sua baixa presença católica decorre de fatores históricos, como a repressão da Reforma Protestante liderada por Jan Hus, no século XV, e a perseguição comunista após a Segunda Guerra Mundial, que deixou feridas profundas na Igreja local.De acordo com a Aid to the Church in Need, a influência do comunismo contribuiu para a rejeição do catolicismo e o fortalecimento de uma espiritualidade individualista na sociedade.
Após a queda do comunismo, houve uma breve retomada religiosa, mas de caráter mais político do que de conversão verdadeira, resultando em uma continuação da diminuição do número de fiéis, que hoje se apoiam na espiritualidade pessoal, sem vínculos institucionais sólidos.
A fé dos tchecos
O padre Vícha ressalta que os tchecos são naturalmente céticos e precisam refletir para aceitar algo como próprio. Essa postura é influenciada por sua história de autonomia intelectual, dada a alternância de escolas de pensamento na Europa Central.
Segundo ele, atualmente os fiéis não têm medo de expressar sua fé se ela for autêntica, mas evitam tradições vazias ou dogmatismos que possam gerar repulsa. “Juventude, por exemplo, demonstra abertura e busca um relacionamento verdadeiro com Deus”, garante Růžička.
Desafios na face do ateísmo
A Igreja Católica, embora minoria, representa a comunidade religiosa mais forte por seu exemplo de vida, mas deve esforçar-se para ser uma Igreja credível e viva, que ama o pecador sem tolerar o pecado, sem julgar, mas mostrando o caminho através de suas ações.A CNA destaca a importância de uma Igreja que vive e se realiza espiritualmente.
Crescimento de batismos e esperança futura
Mais de 300 mil pessoas participam regularmente da missa dominical, o que representa um terço dos católicos. No último ano, cerca de 15 mil batismos foram realizados, sendo mais de 12% dos nascimentos, com uma alta de 7% de batismos de adultos — o maior desde 1993.
O padre Vícha observa o aumento na procura pelo batismo de adultos, enquanto muitos idosos continuam a partir, indicando uma esperança contínua. Růžička acredita que, apesar do panorama desafiador, o “qualidade da fé” será o maior legado no futuro.
Esta matéria foi publicada originalmente pela ACI Prensa, parceira de notícias da CNA, e adaptada por CNA.


