Os Barcos-Hospitais Papa Francisco e Papa São João XXIII estão atracados no porto do distrito de Icoaraci, em Belém, Pará, desde o dia 2 de novembro, prontos para prestar apoio humanitário e serviços de saúde durante a 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que ocorre na capital paraense até o dia 21 deste mês. A iniciativa se reflete em uma parceria entre o governo do estado do Pará e a Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus, que gerencia as embarcações.
Atendimentos oferecidos
Mais de 86 profissionais de saúde estão a bordo, prestando variados serviços à população. De 7 a 12 de novembro, as embarcações realizarão atendimentos iniciando às 6h30, oferecendo consultas em diversas especialidades, exames como ultrassonografia, mamografia, tomografia, Raio X e procedimentos laboratoriais. Além disso, o atendimento inclui cirurgias, odontologia e oftalmologia. Essa ação é fundamental para a saúde das comunidades ribeirinhas, muitas das quais não têm acesso a serviços médicos regulares.
Modelo de referência da saúde pública
Durante a COP 30, será abordada a realidade da saúde pública na Amazônia, incluindo os desafios enfrentados e a importância de se valorizar o serviço voluntário na área da saúde. Frei Ezequiel Salvatico, responsável pelo Barco-Hospital Papa Francisco, destacou que o modelo adotado no Brasil é único, especialmente por ser vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS), que busca atender de forma eficaz as demandas das comunidades ribeirinhas. “A expectativa é que possamos apresentar aos outros países um modelo que, mesmo na dificuldade, consegue levar saúde até a porta de quem mais precisa”, afirmou.
A Rádio Vaticano entrevistou Frei Francisco Belotti, fundador da associação que administra os barcos. Ele enfatizou a conexão espiritual que os profissionais de saúde cultivam com as comunidades atendidas, enfatizando que não se trata apenas de um barco hospital, mas de uma extensão do cuidado que o Papa Francisco gostaria de proporcionar a esses povos. “Quando os barcos chegam, é o Papa que está chegando. A presença dele é sentida em cada atendimento”, disse Frei Francisco.
Um exército de voluntários
Organizar a logística da saúde em meio a uma vasta região como a Amazônia é um desafio colossal. Porém, a dedicação dos voluntários é impressionante. Frei Francisco mencionou que, em cada expedição de 8 a 10 dias, são atendidas entre 7.000 e 10.000 pessoas. “A dor não espera”, afirmou, ressaltando a urgência do atendimento, especialmente para crianças e idosos. “Nós não deixamos ninguém sem atendimento, mesmo que a demanda seja maior do que nossa capacidade planejada”.
Com mais de 20.000 colaboradores diretos e um número crescente de voluntários, a associação tem um verdadeiro exército à disposição das comunidades. Frei Francisco explica que essa rede de apoio é essencial para manter a essência do cuidado tanto físico quanto espiritual. Cada chegada dos barcos é marcada por um “apito de esperança”, simbolizando que ajuda chegou.
Expectativas futuras
A previsão da criação de um quarto navio para expandir os serviços de saúde foi celebrada durante os eventos de inauguração. A construção de novas embarcações permite não apenas aumentar o número de atendimentos, mas também melhorar a infraestrutura para cuidados na região. Frei Francisco conclui destacando que o sonho do Papa Francisco, que se iniciou com um chamado à ação, continua vivo e mais forte do que nunca entre aqueles que trabalham nessa causa. “Nós estamos aqui para servir, e isso nos faz sentir abençoados. Nunca faltou nada, e cada dia é uma nova oportunidade de fazer a diferença na vida das pessoas”, concluiu.





