À medida que se aproxima a corrida eleitoral de 2026, o Partido dos Trabalhadores (PT) reconhece uma perda significante de apoio em Minas Gerais, um estado fundamental para qualquer candidato à presidência. Paralelamente, o bolsonarismo, representado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, enfrenta dificuldades em consolidar uma frente unificada. Essa situação posiciona Minas como um verdadeiro “termômetro” para as próximas eleições, onde a popularidade do atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva ainda está aquém da média nacional.
Apoios no cenário atual
Os aliados de Lula estão em busca de estratégias para recuperar a popularidade do governo, que, atualmente, é inferior em Minas às médias observadas em outras regiões do Brasil. Essa situação é inusitada, considerando que em outros momentos de reeleição, o PT gozava de um respaldo mais robusto entre os mineiros. Dentro desse contexto, as principais apostas do PT para uma possível candidatura ao governo mineiro são o senador Rodrigo Pacheco (PSD) e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PDT). Contudo, ambos hesitam em se aliar ao PT, apresentando razões diversas para essa relutância.
Uma aliança complicada
Kalil, que já disputou o governo estadual em 2022, expressou que a estratégia de se aliar a Lula não teve o efeito desejado. Ele prefere focar na avaliação da gestão de Romeu Zema (Novo) ao longo de seus oito anos de mandato, evitando uma nacionalização da disputa. Por sua vez, Pacheco, que demonstrou interesse em uma indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF), também pode se ver na obrigação de mudar de partido devido à aliança do PSD com Zema. Aliados de Pacheco comentam reservadamente que sua candidatura é pouco provável, especialmente após o recente lançamento da pré-candidatura do ex-vereador Gabriel Azevedo pelo MDB.
Azevedo, por sua vez, adotou uma postura crítica em relação à polarização política nacional e não demonstra interesse em associar sua candidatura à presença de Lula. Ele argumenta que essa dramatização da política é contraproducente e deveria ser evitada, o que se reflete em sua estratégia eleitoral.
O cenário direito em Minas
Por outro lado, a direita, que atualmente possui uma base mais forte em Minas, enfrenta desafios em unificar suas forças. O vice-governador Mateus Simões, que se filiou recentemente ao PSD, busca ampliar sua aliança, mas encontra resistência entre outras legendas, como PL e Republicanos. O PL, que considera lançar uma candidatura forte com o deputado federal Nikolas Ferreira, e o Republicanos, que planeja uma chapa com o senador Cleitinho Azevedo, se mostram como possíveis alternativas para a esquerda na disputa pelo governo.
Contudo, mesmo dentro da direita, há tensões. Cleitinho e Nikolas enfrentaram atritos com lideranças do PL e se manifestaram sobre a falta de apoio a candidatos propostos por Bolsonaro, o que pode complicar ainda mais a unificação de sua base. Além disso, é observado um movimento entre os membros do PL, que avaliam precauções quanto a lançar candidatos sem segurança em sua influência nas urnas.
É preciso agir rápido
Os líderes do PT em Minas têm consciência de que a corrente de mudanças nas preferências eleitorais do estado não pode ser subestimada. A popularidade de Lula teve um desempenho negativo, e é essencial que o governo lance iniciativas que potencialmente reverte essa situação antes da corrida eleitoral. O lançamento do programa “Gás do Povo”, que visa atender milhões de famílias, é um exemplo de como o governo federal está tentando reverter essa crise de apoio.
Em um estado com um histórico eleitoral que costumava favorecer o PT, a partir de 2018, a tendência se inverteu, com o partido vendo uma avaliação negativa de 46% entre os eleitores mineiros. Agora, lideranças do PT, como a prefeita de Contagem, Marília Campos, enfatizam a importância de construir palanques diversificados que transcendam a polarização direta entre esquerda e direita.
Com um cenário eleitoral otimista, mas recheado de desafios, as forças políticas em Minas Gerais precisam agir rapidamente para consolidar suas estratégias e fortalecer suas bases eleitorais se quiserem garantir uma posição competitiva na eleição de 2026.



