O presidente da Associação Nacional dos Controladores de Tráfego Aéreo, Nick Daniels, denunciou nesta sexta-feira que a greve do governo federal tem causado uma crise sem precedentes na aviação dos Estados Unidos, com controladores resignando e o aumento da fadiga entre os profissionais.
Controladores exaustos e resignações em massa ameaçam a segurança aérea
Daniels afirmou que diversos controladores estão deixando seus cargos devido ao estresse e à pressão provocados pela paralisação. Segundo ele, o número de resignações é 400% maior do que na mesma época durante a paralisação de 2019, deixando o setor com uma considerável escassez de profissionais.
“Estamos vendo controladores aéreos se resignando com mais frequência. Antes, não havíamos observado isso em 2019”, declarou Daniels ao CNN. “Hoje, há muitas pessoas que simplesmente não conseguem suportar mais a carga de trabalho, que às vezes inclui jornadas de seis dias por semana e mais de 10 horas diárias.”
Situação de exaustão e dificuldades financeiras entre os controladores
De acordo com o líder da associação, muitos controladores, especialmente os novatos em treinamento, estão enfrentando dificuldades financeiras extremas. “Eles estão usando crédito, pegando empréstimos e até perguntando se podem levar os filhos ao trabalho por não conseguirem pagar despesas básicas”, disse Daniels. “Situações reais de dificuldades que só aumentam a exaustão.”
O impacto da paralisação na operação aeroportuária
Desde o início do impasse, centenas de voos foram cancelados pelo país. O Departamento de Transporte revelou que há um aumento nas ligações de controladores alegando incapacidade de trabalhar, embora Daniels esclareça que não se trata de uma greve coletiva organizada, mas de um cansaço crescente.
“As chamadas ‘saídas por doença’ ou ‘sickouts’ não estão acontecendo de forma organizada como em 2019. Pessoas estão simplesmente alegando estar incapazes de trabalhar, e isso está afetando o fluxo aéreo”, explicou Daniels.
Medidas emergenciais e obstáculos na negociação
O governo, liderado pelo presidente Donald Trump, tem tomado medidas para conter o caos na aviação, incluindo a restrição do tráfego em 40 aeroportos para aliviar o congestionamento. Entretanto, essa ação é vista pelos democratas como uma tentativa de pressionar as negociações, que continuam paradas devido às disputas sobre subsídios para o programa de saúde Obamacare.
Segundo um e-mail enviado ao HuffPost, a FAA informou que o aumento na falta de controladores se deve à “escassez de funcionários” causada pela paralisação e que, quando isso ocorre, o tráfego é temporariamente reduzido em certos aeroportos para garantir a segurança.
Perspectivas de futuro para o setor
Daniels ressaltou que o quadro atual colocou uma pressão enorme sobre os controladores, levando muitos a deixarem a profissão justamente neste momento de crise. “Se a paralisação persistir, o risco de acidentes e a deterioração ainda mais grave na operação aérea só aumentam”, alertou.
Faltando pagamento há 37 dias, os funcionários federais não têm previsão de resolução imediata, enquanto o impasse político continua, deixando o setor de transporte aéreo em um estado de enorme instabilidade.


