O senador Marcos do Val (Podemos-ES) apresentou uma série de requerimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, que visa investigar o crescimento e a atuação de organizações criminosas no Brasil. Dentre os pedidos estão a convocação de Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, conhecido como Marcolinha, e Gilberto Aparecido dos Santos, o “Fuminho”, ambos apontados como figuras de destaque dentro do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Quem são Marcolinha e Fuminho?
Marcolinha, irmão mais novo de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, exerce um papel central nas interações com o Comando Vermelho (CV) e é visto como conselheiro na facção criminosa. Ele cumpriu uma longa pena de 33 anos e 11 meses, mas permanece preso na Penitenciária Federal de Brasília, uma vez que continua sendo um membro influente do PCC, mesmo após ter alcançado a liberdade condicional em 2024.
As várias fugas durante seu cumprimento de pena, entre as quais se destacam as ocorridas de 1993 a 1998 e de 2001 a 2006, não impediram que a Justiça considerasse sua pena cumprida. Desde fevereiro de 2019, Marcolinha está no sistema penitenciário federal.
Por outro lado, Fuminho, que também é considerado um dos principais aliados de Marcola, foi preso em abril de 2020, após 21 anos foragido. Investigações revelam que ele possuía vínculos com a máfia italiana ‘Ndrangheta e era um dos responsáveis pela logística de tráfico de cocaína para a Europa, utilizando o Porto de Santos como ponto estratégico.
A CPI do Crime Organizado
A CPI do Crime Organizado foi criada sob a direção do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e instalada na primeira semana de novembro, logo após uma megaoperação policial no Rio de Janeiro que resultou em um número alarmante de mortes.
- A CPI visa combater a expansão de facções criminosas, especialmente o Comando Vermelho, cujas ações trouxeram à tona discussões relevantes tanto na esfera pública quanto na política.
- Embora a base governista tenha conseguido eleger o senador Fabiano Contarato (PT-ES) como presidente da comissão, o relator da CPI será o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).
Ainda não há uma posição sobre os requerimentos feitos por do Val, e existe a possibilidade de que os membros da CPI decidam não convidar Marcolinha e Fuminho. Outros nomes apontados para serem ouvidos incluem Júlio César Guedes de Moraes, conhecido como Julinho Carambola, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco, investigados por suas relações com atividades criminosas e fraudes no setor fiscal.
Expectativas sobre a CPI
Até o momento, a CPI conta com 37 requerimentos, alguns dos quais já foram apreciados, como os de convocação de governadores e ministros. A comissão tem a intenção de realizar um “rigoroso diagnóstico” da criminalidade organizada no Brasil, conforme o plano de trabalho do relator Alessandro Vieira. Os focos abordados incluem lavagem de dinheiro, o sistema prisional e a corrupção, além da necessidade de integrar diferentes órgãos de segurança pública na luta contra o crime.
O trabalho da CPI se torna ainda mais relevante em um contexto em que a segurança pública é um tema sensível e necessário de discussão no Brasil. Com a convocação de figuras influentes do crime organizado, a comissão busca elucidar a real extensão das operações criminosas e os mecanismos que permitem a sua continuidade.
A expectativa é que a CPI contribua para a criação de políticas mais eficazes no combate ao crime organizado, além de lançar luz sobre as relações das facções com a política e a sociedade. O resultado dessas investigações poderá ter um impacto significativo, não só na percepção da segurança pública no Brasil, mas também na efetividade de futuras ações governamentais.
Assim, a CPI do Crime Organizado se posiciona como uma ferramenta essencial para desvendar a complexa teia que envolve crime, corrupção e política no país.


