O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (10) que não vê mais motivo para se reunir com o presidente chinês Xi Jinping, ameaçando aumentar significativamente as tarifas sobre produtos importados da China. A decisão ocorre após controles de exportação considerados “hostis” por Washington e uma série de medidas chinesas que restrigem o fluxo de tecnologia e minerais de terras raras.
Ruptura nas negociações e impacto na relação com a China
Em mensagem nas redes sociais, Trump afirmou que, inicialmente, planejava um encontro com Xi na cúpula da APEC, na Coreia do Sul, em duas semanas, mas que agora esse evento não faz mais sentido. “Parece não haver motivo para isso”, escreveu. A sua decisão também reflete a escala de tensões comerciais entre os dois maiores poderes econômicos do mundo.
O anúncio de Trump inclui a possibilidade de uma “elevação maciça” das tarifas sobre produtos chineses que entram nos EUA, além de outras contramedidas em análise pelo governo americano. Segundo o presidente, essa postura é uma resposta às ações chinesas para restringir o acesso de tecnologias estratégicas, incluindo minerais de terras raras, essenciais para diversos setores industriais.
Conflitos recentes e represálias chinesas
Medidas de Pequim contra interesses americanos
A China respondeu às tensões com a imposição de novas tarifas portuárias a navios norte-americanos e o início de uma investigação antitruste contra a Qualcomm, gigante de chips e tecnologia. Além disso, o país passou a exigir licenças de exportação de minerais de terras raras, uma medida que visa regulamentar o fluxo dessas matérias-primas e reforçar o controle sobre sua cadeia de fornecimento.
Segundo o Ministério do Comércio chinês, essas ações buscam proteger a segurança nacional, sobretudo diante do aumento da controladora de exportação de minerais. O governo chinês também indicou que parte dos equipamentos utilizados na fabricação desses minerais estará sujeito a restrições adicionais.
Perspectivas de respostas e o ambiente de negociações
Embora Trump não tenha detalhado seus próximos passos, afirmou que poderá “contra-atacar financeiramente” as ações chinesas, com o argumento de que a União Americana possui recursos para equilibrar o jogo. “Para cada elemento que eles conseguem monopolizar, nós temos dois”, disse.
Até então, o clima entre as duas maiores economias do mundo vinha oscilando, com avanços e retrocessos nas negociações sobre tarifas, compras agrícolas e o destino da TikTok nos EUA. A trégua comercial parcial suspendeu aumentos tarifários previstos para novembro, mas as recentes declarações indicam que novo ciclo de tensões pode estar por vir.
Reações e o contexto internacional
Trump reforçou que sua relação com Pequim, nos últimos meses, havia sido positiva, e que as ações chinesas, sobretudo nesta semana, eram “muito hostis”. Ele ainda afirmou que diversas nações receberam cartas semelhantes às enviadas pela China, o que estaria causando irritação global relacionada à postura chinesa.
O momento também é delicado, já que Trump se prepara para uma visita ao Oriente Médio, onde planeja celebrar um acordo de paz entre Israel e Hamas. Ainda assim, apontou que as ações chinesas foram “especialmente inadequadas” ao ocorrerem justamente durante esse período.
O conflito comercial entre EUA e China permanece como um dos principais dilemas do cenário internacional, influenciando a economia global e as negociações futuras entre as potências. O desfecho dessas tensões é aguardado com expectativa por mercados e governos ao redor do mundo.


