O governo da Argentina anunciou nesta terça-feira a intervenção no mercado de câmbio, uma mudança na política econômica do país que contraria o ultraliberalismo defendido pelo presidente Javier Milei. A decisão ocorre após a cotação do dólar se aproximar do limite superior da banda de flutuação cambial fixada pelo governo, refletindo uma crescente demanda pela moeda norte-americana.
Argentina intervém no mercado cambial em meio à alta do dólar
Após um dia de baixo volume de negócios na última segunda-feira devido ao feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos, o peso argentino caiu mais de 2% frente ao dólar nesta terça-feira, com a cotação chegando a 1.375 pesos por dólar. Este valor representa uma queda de cerca de 1% em relação ao fechamento da semana passada, após a aproximação ao limite de 1.467 pesos por dólar, no qual o Banco Central pode atuar diretamente no mercado.
Medidas adotadas pelo governo
Segundo o secretário de Finanças, Pablo Quirno, o Tesouro Nacional participará do mercado de câmbio para garantir liquidez e o funcionamento normal da moeda. O anúncio acontece num momento de turbulência financeira, marcada por denúncias de corrupção envolvendo a irmã do presidente Milei, Karina Milei, além das expectativas sobre eleições cruciais programadas para domingo na província de Buenos Aires.
Contexto político e econômico na Argentina
Nos últimos dias, o aumento na demanda por dólares levou a cotação da moeda a níveis próximos ao teto estabelecido, enquanto o governo tentava conter a alta elevando as taxas de juros de referência, estratégia que, até aqui, mostrou-se insuficiente. A fragilidade da confiança dos investidores é refletida na instabilidade do mercado cambial, mesmo pouco mais de um ano e meio após a chegada de Milei ao poder, destaca Walter Stoeppelwerth, diretor de investimentos da Grit Capital Group.
Crises e perspectivas de eleição
As oscilações na cotação do dólar permanecem entre as principais preocupações, visto que a valorização da moeda americana afeta a economia doméstica e alimenta a inflação. Atualmente, o governo busca evitar uma desvalorização abrupta que possa impactar o índice de preços ao consumidor, que caiu para 17,3% em julho, frente a 87% em igual período de 2024.
Desafios políticos e impacto no mercado
A estratégia de Milei de oferecer juros mais altos e mudar regras de reservas bancárias tem sido mal recebida por setores que veem nesses movimentos uma ameaça à estabilidade financeira. As recentes mudanças no câmbio também provocaram uma onda de calotes de empresas no país, sinalizando a fragilidade da confiança dos investidores, como aponta Walter Stoeppelwerth.
Próximos passos e eleições
Para o domingo, a votação na província de Buenos Aires – que responde por quase 40% da população — será um indicativo importante sobre o cenário eleitoral nacional. Os analistas do Morgan Stanley veem as eleições como um obstáculo de curto prazo para a economia, mas mantêm uma perspectiva positiva devido às reformas propostas por Milei.
Mais informações sobre a decisão argentina podem ser acessadas em esta matéria.
