Enquanto o governo federal avalia o plano de socorro às atividades afetadas pelo tarifaço de Donald Trump, ao menos cinco estados com forte presença na exportação para os EUA lançaram ações próprias. As iniciativas incluem linhas de crédito emergenciais, fundos estaduais e pagamento de créditos retidos em impostos, como o ICMS, para minimizar os efeitos das tarifas que chegam a 50%.
Medidas estaduais de auxílio às exportações frente ao tarifaço
Entre as ações, destacam-se as de São Paulo, que criou uma linha de crédito de R$ 400 milhões com juros subsidiados para empresas que vendem ao mercado americano. O estado, que foi o maior exportador para os EUA em 2024, também liberou R$ 1,5 bilhão em créditos do ICMS, com prioridade para exportadores. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que o objetivo é ajudar a preservar empregos e reduzir perdas financeiras.
O Ceará, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraíba e Rio Grande do Sul também elaboraram soluções similares. O Ceará, por exemplo, anunciou auxílio financeiro, ampliação na compra pública de produtos exportados e possíveis incentivos fiscais. O governo cearense ainda está estudando os detalhes das medidas, enquanto o Espírito Santo criou um comitê liderado pelo vice-governador Ricardo Ferraço para avaliar as estratégias de apoio local.
Impactos econômicos do tarifaço e perspectivas de recuperações
Segundo estimativas da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), o tarifaço pode reduzir o PIB brasileiro em cerca de R$ 25,8 bilhões no curto prazo, devido ao impacto nas exportações. A ação dos estados busca reduzir esse efeito, principalmente nas regiões com maior peso nas vendas ao mercado americano, como Ceará (44,9% das exportações), São Paulo e Rio de Janeiro.
Na semana passada, o governo de Minas Gerais anunciou um apoio de R$ 200 milhões, e Goiás, com uma previsão de R$ 628 milhões em apoio às empresar exportadoras, tem se destacado pela iniciativa de fortalecer suas atividades comerciais, que no ano passado totalizaram US$ 13,5 bilhões em exportações para os EUA.
Reações e estratégias de enfrentamento
O presidente Lula declarou que não se humilhará diante de Trump e que há potencial para uma resposta coordenada do Brics ao tarifaço. Ainda, o Ceará apresentou diretrizes para compensar perdas, como o aumento na compra pública e incentivos fiscais, embora sem detalhes concretos até o momento. Outros estados, como Rio de Janeiro e Espírito Santo, também discutem ações específicas, com o objetivo de defender seus setores mais afetados, como o de pescado, madeira e siderurgia.
Especialistas destacam que os planos estaduais e o programa federal, atualmente em elaboração, podem atuar de forma complementar para fortalecer a resistência da economia brasileira diante das tarifas. Segundo Marcelo Vitali, da consultoria How2Go no Brasil, uma coordenação entre iniciativas de diferentes níveis é essencial para a sustentabilidade das exportações brasileiras, com foco em estratégias de longo prazo.
Enquanto isso, a tensão entre Brasil e EUA permanece. Trump ameaçou aplicar sobretaxas a qualquer país que importe óleo russo, incluindo o Brasil, reforçando o cenário de incerteza para os exportadores brasileiros. Para o Espírito Santo, o foco está na criação de um comitê de impacto, enquanto Santa Catarina anunciou que apresentará um plano de mitigação em breve.
O impacto das tarifas elevadas na média de tributação efetiva dos produtos brasileiros nos EUA é significativo, com uma sobretaxa atual de até 30%, consideradas altas por analistas e setores exportadores. A expectativa é que as ações estaduais possam representar um apoio importante diante desse contexto difícil, promovendo a manutenção de empregos e o fortalecimento das atividades comerciais regionais.
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