A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2023, tem gerado preocupações entre os integrantes do governo Lula. Embora a medida tenha proporcionado um aumento momentâneo na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), há temores de que isso possa se reverter em prejuízos em sua campanha de reeleição em 2026. Está em debate como a opinião pública reagirá ao impacto econômico da guerra comercial entre Brasil e EUA.
A guerra comercial e seus efeitos
O tarifaço anunciado por Trump foi uma resposta a críticas às eleições livres no Brasil e ao julgamento de Jair Bolsonaro, ex-presidente, que está sob investigação do Supremo Tribunal Federal (STF). Para o governo, a imposição de tarifas pode ser interpretada como um ataque aos interesses brasileiros, algo que Lula se recusa a aceitar passivamente, adotando a Lei de Reciprocidade como resposta. Contudo, a falta de alternativas viáveis para contornar essa crise foi notada, e o Planalto ainda busca interlocutores para negociar.
Popularidade em xeque
Ainda assim, o governo Lula tem encontrado um espaço de recuperação popular, precisamente por conta do tarifaço. O Partido dos Trabalhadores (PT) já havia obtido ganhos na pauta da “justiça tributária”, pressionando a opinião pública contra o Centrão e a oposição, que se opõe à taxação dos mais ricos. Agora, Trump, ao impor tarifas, vem ajudando Lula a realinhar sua imagem, especialmente entre aqueles que não fazem parte de sua base tradicional de apoio.
Repercussão da pesquisa Genial/Quaest
Uma pesquisa divulgada pelo instituto Genial/Quaest em 16 de julho, após o anúncio do tarifaço, revelou uma leve melhora na imagem do governo Lula. A desaprovação caiu para 53%, enquanto a aprovação subiu para 43%, representando uma recuperação em relação a meses anteriores, quando a desaprovação alcançou 57%. A maioria dos entrevistados se posicionou contrariamente às tarifas de Trump, com 72% afirmando que o presidente dos EUA estava errado, e 79% acreditando que o tarifaço prejudicaria a vida dos brasileiros.
Possíveis soluções e comparações internacionais
Até o momento, outros países já conseguiram evitar a imposição de tarifas semelhantes ao Brasil, firmando acordos com os EUA. Reino Unido, Vietnã, Indonésia, Filipinas e Japão são exemplos de países que conseguiram acordos com a Casa Branca. Isso levanta a questão sobre as estratégias que o Brasil possui para negociar e evitar um reelaboração econômica imposta por Trump.
Desafios à frente
O governo tem enfrentado um desafio significativo: reagir a uma situação que pode ser prejudicial para a economia brasileira enquanto busca garantir sua longevidade política. Como Trump está, de certa forma, fazendo com que setores historicamente resguardados ao PT passem a discutir com o governo, resta saber se isso gerará ações efetivas ou apenas uma breve recuperação na popularidade de Lula. Além disso, a perspectiva de um ano eleitoral para 2026 se torna cada vez mais tensa, dado o cenário econômico incerto que vem pela frente.
Para os candidatos e partidos que se preparam para a próxima eleição, o monitoramento da evolução dessa situação será crucial. A habilidade de Lula em manejar a resposta à interferência externa, especialmente em um ano crítico para sua carreira política, determinará em grande parte o sucesso futuro de sua administração.
Enquanto isso, encarcerado no tabuleiro internacional, o Brasil observa, à espera de soluções que possam preservar sua imagem e interesses no mercado global.
Com complexos fatores envolvendo política e economia, a realidade da tarifa de Trump não mostra sinais de ser uma crise passageira e continuará a influenciar as narratives políticas nos meses e anos seguintes.



