Brasil, 20 de julho de 2025
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Reação dos eleitores ao tarifaço de Trump evidencia descontentamento

A pesquisa do IESP/Uerj revela críticas à postura de Bolsonaro e ressalvas à resposta de Lula ao tarifaço imposto pelos EUA.

O recente tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou uma onda de reações na política brasileira. A insatisfação foi unânime entre petistas e centristas em relação à conduta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas também surgiram críticas à resposta dada pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essas percepções foram capturadas em uma pesquisa qualitativa realizada pelo projeto Monitor do Debate Público, do IESP/Uerj, que acompanha a opinião de eleitores com base na votação nas eleições de 2022.

A divergência nas reações

Diferentemente de uma pesquisa quantitativa, os dados qualitativos coletados oferecem uma visão mais aprofundada sobre como determinados acontecimentos ressoam entre diversos segmentos eleitorais. Para o Monitor do Debate Público, eleitores considerados “flutuantes” — ou seja, aqueles que não votaram nem em Lula nem em Bolsonaro — demonstraram uma crítica à postura de Bolsonaro, classificando seu comportamento como guiado por interesses pessoais. Essa mesma crítica foi ecoada entre os eleitores que apoiam Lula, que veem o tarifaço como prejudicial ao Brasil e motivado pelo apoio ideológico e político de Trump ao ex-presidente.

A visão dos eleitores de Bolsonaro

Os eleitores de Bolsonaro, divididos entre “convictos” e “moderados”, também expressaram sua insatisfação. Os “convictos” argumentaram que as tarifas criadas por Trump seriam uma maneira de punir o governo petista, enquanto os “moderados” minimizaram o impacto do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nas articulações do tarifaço e associaram a medida às críticas de Lula a Trump na cúpula dos Brics. João Feres Junior, cientista político e coordenador da pesquisa, observou que as respostas dos bolsonaristas demonstram um certo isolamento em relação ao tarifaço.

A resposta de Lula e suas implicações

A reação do presidente Lula, embora receba aprovação geral, trouxe ressalvas entre seus eleitores. Na semana passada, ele declarou que o Brasil responderia ao tarifaço “à luz da Lei de Reciprocidade Econômica”, medida que permite retaliações tarifárias. Um membro do grupo “lulodescontentes”, que representa os eleitores que votaram no PT mas estão insatisfeitos com a atual gestão, afirmou que a declaração de Lula foi “exagerada” e poderia dificultar as negociações com os Estados Unidos, mesmo considerando a crítica ao tarifaço como “justa”. Outros eleitores desse grupo também mostraram-se críticos à forma como Lula se posicionou, sugerindo que ele poderia ter sido mais cauteloso em suas falas.

A posição dos eleitores flutuantes

Os eleitores flutuantes, por sua vez, manifestaram apoio à postura de Lula, considerando o tarifaço de Trump como uma “interferência” nos assuntos internos do Brasil. Esses eleitores destacaram uma maioria significativa que reprova a decisão de Trump, evidenciada na pesquisa Genial/Quaest divulgada na semana passada. Nela, 72% dos entrevistados afirmaram que Trump estava errado ao impor taxas sob a justificativa de “perseguição a Bolsonaro”. Entre aqueles que não têm uma posição definida entre os dois ex-presidentes, 77% desaprovaram o tarifaço, embora 51% deles acreditem que Lula “provocou” Trump durante a cúpula dos Brics.

Percepções e implicações futuras

As reações e percepções coletadas nos últimos dias indicam um cenário de descontentamento tanto entre eleitores de Bolsonaro quanto de Lula, refletindo um clima de polarização crescente no Brasil. A pesquisa do IESP/Uerj ilustra como os posicionamentos dos líderes políticos afetam a opinião pública e como a resposta a políticas externas influenciam o debate interno. Com a aproximação das próximas eleições, essas opiniões poderão moldar o horizonte político brasileiro e impactar as estratégias de campanha dos principais atores políticos do país.

À medida que a situação se desenvolve, resta saber como Lula e Bolsonaro ajustarão suas estratégias e discursos para atender a um eleitorado que se mostra cada vez mais crítico e exigente diante de questões que interagem com a política internacional e as relações bilaterais. O tarifaço de Trump, conforme as evidências da pesquisa, parece ser uma questão que irá permeiar o debate nas próximas semanas e meses, exigindo respostas cuidadosas e estratégicas dos líderes brasileiros.

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