Brasil, 20 de julho de 2025
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Morre José Maria Marin, ex-presidente da CBF, aos 93 anos

Faleceu em São Paulo, o ex-dirigente do futebol brasileiro, envolvido no escândalo Fifagate que abalou a FIFA.

José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), morreu na madrugada deste domingo, 20, em São Paulo, aos 93 anos, no hospital Sírio-Libanês. Marin, que ficou conhecido mundialmente por seu envolvimento no escândalo de corrupção que ficou conhecido como Fifagate, deflagrado em 2015, abalou os bastidores da FIFA e expôs um esquema bilionário de propinas envolvendo contratos de marketing e direitos de transmissão de competições internacionais.

De político paulista a dirigente do futebol

Advogado de formação, Marin iniciou sua carreira na política nos anos 1960, como vereador na cidade de São Paulo. Em seguida, ocupou cargos importantes, como deputado estadual e governador do estado entre 1982 e 1983. Nos anos seguintes, ele se aproximou do mundo do futebol, presidindo a Federação Paulista de Futebol e, posteriormente, assumindo a presidência da CBF. Entre 2012 e 2015, Marin foi a figura mais poderosa do futebol brasileiro e chefe da delegação da Seleção na Copa do Mundo de 2014.

No entanto, sua trajetória foi manchada pelo escândalo Fifagate, em 2015, quando se tornou um dos protagonistas de uma operação internacional de combate à corrupção. Essa operação, que teve como base uma investigação do FBI e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, revelou um esquema global de corrupção envolvendo dirigentes da FIFA, CONMEBOL, CONCACAF e diversas empresas de marketing esportivo. Marin foi apontado como um dos culpados ao receber propinas que somavam até US$ 6,5 milhões, relacionados a contratos de torneios como a Copa do Brasil, a Libertadores e a Copa América.

O escândalo e prisão em Zurique

A operação ganhou notoriedade em 27 de maio de 2015, quando sete dirigentes da FIFA foram detidos em um hotel de luxo em Zurique, na Suíça, por solicitação da Justiça americana. Marin estava entre os detidos. Após sua extradição, ele foi julgado em Nova York e, em dezembro de 2017, foi condenado por seis dos sete crimes que respondia, incluindo conspiração para fraude bancária e lavagem de dinheiro. A juíza Pamela Chen, responsável pelo caso, não poupou críticas e classificou os atos de Marin como parte de um “roubo descarado do coração do futebol”.

Punições e restituções

Em agosto de 2018, Marin foi sentenciado a quatro anos de prisão e imposto a pagar uma multa de US$ 1,2 milhão. Além disso, foi condenado a devolver US$ 3,3 milhões que obteve de maneira ilícita. Mesmo diante das punições, ele também foi compelido a restituir cerca de US$ 137 mil (aproximadamente R$ 519 mil) à FIFA e à CONMEBOL, referentes a salários e benefícios que recebeu enquanto ocupava cargos nas entidades. É importante registrar que apesar de a CBF ter sido presidida por Marin durante o período investigado, a entidade não se declarou como vítima no processo.

Retorno ao Brasil e últimos anos

Durante a pandemia da Covid-19, em 2020, Marin obteve a liberdade antecipada em razão de problemas de saúde e retornou ao Brasil. Entretanto, em 2023, ele sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), o que o afastou ainda mais da vida pública. Em seus últimos anos, a trajetória de Marin foi marcada pela dualidade entre altos cargos e a gravidade de suas ações, relacionadas a um dos maiores escândalos da história do futebol.

Ele parte deixando um legado controverso que mescla sucesso no mundo esportivo e escândalos que mancharam a imagem do futebol brasileiro. A morte de Marin nos remete a discutir não apenas a complexidade do cenário esportivo, mas também a importância de combater a corrupção em todas as suas formas.

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