Brasil, 20 de julho de 2025
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Frio intenso expõe vulnerabilidade de pessoas em situação de rua no Rio

Pessoas enfrentam temperaturas baixas e descaso nas ruas do Rio de Janeiro, entre ações de acolhimento e ordenamento público.

As madrugadas de inverno no Rio de Janeiro têm revelado cenas de desespero e vulnerabilidade, principalmente entre as pessoas em situação de rua. Com o frio alcançando temperaturas abaixo de 13 graus Celsius, a luta pela sobrevivência se torna ainda mais difícil nas calçadas da cidade. Desde Copacabana até a Lapa, muitos se veem obrigados a improvisar com papelões e sacos plásticos para se protegerem do frio intenso.

A dura realidade das ruas cariocas

O relato de pessoas em situação de rua é de angústia e necessidade. Uma mulher, que se encontrava na Praça da Cruz Vermelha com suas netas, contou como os agentes da Prefeitura têm confiscado seus pertences. “Quando eles veem os moradores de rua com sacolas, colchão, cobertores volumosos, eles vêm logo e tomam tudo”, disse. Para muitos, as calçadas se tornaram seus únicos lares, onde lutam contra o frio e a fome.

Relatos de agressões também são frequentes. Um homem narrou que, ao se recusar a entregar seu cobertor, foi ameaçado por agentes municipais. “Se eu falar algo, eles vêm com o cassetete e descem a porrada”, afirmou. Essa situação demonstra a crescente tensão entre as ações de ordenamento urbano, que visam desobstruir áreas públicas e a necessidade de acolhimento humanitário.

Ações de acolhimento e desabrigamento

De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social, durante o primeiro semestre de 2025, foram criadas novas vagas permanentes de acolhimento e mais 160 vagas temporárias foram abertas em resposta ao inverno rigoroso. No entanto, muitas pessoas relataram que preferem permanecer nas ruas, citando condições de vida nos abrigos que consideram piores, onde a violência e os furtos são comuns.

“Lá é pior”, resumiu um morador de rua quando questionado sobre a negativa em buscar abrigo. Outro aspecto que dificulta a ida aos abrigos é o vínculo que muitos estabelecem com seus animais de estimação, que oferecem conforto emocional nas noites geladas.

A importância da solidariedade

Enquanto as ações de acolhimento ainda são questionadas, iniciativas independentes têm feito a diferença. Organizações não governamentais têm trabalhado incansavelmente na distribuição de alimentos e roupas para as pessoas que vivem nas ruas. A ONG Ação entre Amigos, por exemplo, realiza semanalmente a doação de refeições e agasalhos para cerca de 200 pessoas. “A senhora não sabe o frio que tem feito de madrugada na rua”, declarou uma menina durante uma dessas ações.

As autoridades locais, no entanto, defendem que o acolhimento é um direito e uma das soluções para a situação de rua. A secretaria afirmou que as ações têm sido intensificadas, mas a realidade nas ruas contradiz essa esperança. Muitos moradores afirmam que o acolhimento muitas vezes vem acompanhado de descaso e violência.

O retrato da população em situação de rua

O último levantamento divulgado pela prefeitura de 2023 apontou que quase 8 mil pessoas vivem nas ruas do Rio de Janeiro, marcando um aumento de 8,2% em relação ao ano de 2020. Desse total, 1.227 enfrentam a dependência química. Os números evidenciam a urgência de políticas públicas eficazes que não apenas ofereçam abrigo, mas também incluam acompanhamento psicológico e social.

Com a temperatura despencando, as ruas do Rio se tornaram um retrato cruel da desigualdade social e da falta de assistência adequada. Em cada esquina, histórias de luta e sobrevivência ecoam, lembrando que, na luta contra o frio, a empatia e a solidariedade são essenciais para transformar realidades. A questão permanece: até quando a cidade assistirá a essa tragédia humana sem buscar soluções que realmente façam a diferença?

Nos meses mais frios, o que se espera é um olhar mais humano e uma abordagem que priorize a dignidade e os direitos de todos, para que as noites geladas de inverno não sejam apenas um desafio a ser enfrentado, mas uma chamada à ação e à compaixão.

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