Em uma declaração divulgada em 13 de julho, os bispos da Conferência Episcopal Católica da Etiópia (CBCE) ressaltaram a necessidade de uma voz unificada diante da complexa crise vigente no país. A situação, marcada por conflitos internos e tensões com Eritreia, exige esforços de oração, jejum e trabalho conjunto, afirmam os religiosos.
Clamor por paz em um cenário de instabilidade
Na assembleia plenária de 58ª edição, os bispos enfatizaram que a Igreja, como mãe, sofre e espera pelo retorno à pacificação. “A Igreja, como mãe, sempre anseia e lamenta pela entrada de seus filhos na paz”, disseram os bispos, incentivando o povo a perseverar na oração e na busca por reconciliação.
Em março, o bispo Tesfasellassie Medhin, responsável pela Eparquia Católica de Adigrat – que abrange a região de Tigray, no norte do Etiópia – alertou sobre uma possível confrontação sangrenta envolvendo o país e Eritreia. Na ocasião, ele mencionou que as tensões aumentavam após o grupo rebelde Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF) tomar controle de Adigrat, próximo à fronteira com Eritreia, em 11 de março. Mais detalhes.
Historico de conflito e desafios atuais
A África viveu uma guerra civil de grande impacto na região de Tigray, entre novembro de 2020 e novembro de 2022, envolvendo a TPLF, o governo etíope e Eritreia. Estimativas indicam que mais de 500 mil pessoas morreram devido à violência, fome e escassez de assistência médica durante esse período. A instabilidade persiste, agora agravada pela divisão interna na TPLF e pela crescente hostilidade entre Etiópia e Eritreia.
Fortalecimento da missão da Igreja na Etiópia
Durante a assembleia, os bispos também trataram de temas ligados à missão da Igreja, suas estruturas e iniciativas de evangelização. Estão previstos esforços para nomear novos sacerdotes qualificados e fortalecer a caminhada sinodal com os fiéis, como forma de ampliar a presença e a influência da Igreja na sociedade etíope.
Novas nomeações e cooperação internacional
Os religiosos celebraram as nomeações recentes, como o bispo auxiliar de Addis Ababa, Tesfaye Tadesse Gebresilasie, e o bispo Merhakristos Gobezayehu, de Awasa. Gebresilasie, nomeado pelo falecido Papa Francisco em novembro de 2024, é membro dos Missionários Combonianos, enquanto Yilma atua na região de Awasa desde fevereiro de 2024. Segundo o bispo Lisane-Christos Semahun, as novas posições devem promover maior responsabilidade compartilhada e inovação no enfrentamento dos desafios.
Além disso, os bispos saudaram a nomeação do novo núncio apostólico para a Etiópia, arcebispo Brian Ngozi Udaigwe, enviado pelo Vaticano, cuja presença foi destacada na assembleia. Udaigwe, que substitui o arcebispo Antoine Camilleri transferido em maio de 2024, demonstrou disposição em colaborar com a missão da Igreja no país. Mais informações.
Perspectivas futuras e desafios a enfrentar
Os líderes religiosos reforçaram o compromisso de fortalecer a presença da Igreja na Etiópia, promovendo a paz, a reconciliação e o serviço aos mais necessitados. A esperança é de que, por meio do diálogo e da oração, seja possível superar as dificuldades atuais e construir um país mais unido e pacífico.