As revelações em torno do Bohemian Grove, um retiro exclusivo para homens influentes no coração da Califórnia, ganharam novos contornos após a alegação de um empregado de que o bilionário Bill Koch solicitou que ele ‘lavasse suas roupas íntimas à mão’. O caso, que trouxe à tona questões sobre condições de trabalho e direitos dos empregados, se tornou foco de atenção na imprensa.
O Bohemian Grove e suas tradições exclusivas
Localizado em uma área de 2.700 acres em Sonoma County, Califórnia, o Bohemian Grove é conhecido por receber anualmente um acampamento apenas para homens durante a quinzena de julho, atraindo figuras proeminentes do mundo político, cultural e empresarial. Este convite a indivíduos com grande poder leva a um misto de tradição, segredo e controvérsia.
O local foi fundado em 1872 e, ao longo dos anos, atraiu muitos membros notáveis, incluindo presidentes dos Estados Unidos como Ronald Reagan e Richard Nixon. Com um lema intrigante, ‘tecem aranhas não vêm aqui’, o Bohemian Grove tem como objetivo evitar discussões de negócios em seu interior, apesar de que esse princípio foi desrespeitado em várias ocasiões históricas.
Controvérsia envolvendo condições de trabalho
Recentemente, Shawn Granger, Anthony Gregg e Wallid Saad, ex-funcionários do Bohemian Club, processaram a organização por supostas violações das leis trabalhistas da Califórnia. Os trabalhadores alegaram que foram forçados a trabalhar 100 horas por semana, mas registrados somente para 40, além de não receberem os intervalos para refeições devidos e nem o pagamento do salário mínimo. O caso, que expôs práticas questionáveis, levantou debates sobre a ética e as condições de trabalho dentro do prestigiado clube.
Uma das alegações mais chamativas foi a de que Gregg foi ridicularizado por membros do clube após atender ao pedido de Bill Koch, que supostamente o teria solicitado para lavar sua roupa íntima. Apesar da gravidade da acusação, Koch não foi nomeado como réu no processo e um porta-voz negou veementemente a solicitação, afirmando que ele não era membro do clube.
Reação e desdobramentos do caso
Depois de uma série de alegações chocantes, o caso foi encerrado em 15 de julho, com um acordo confidencial alcançado entre o Bohemian Club e os funcionários em 10 de julho. Brad Goldstein, um representante de Koch, afirmou que as alegações foram apresentadas como parte de uma estratégia para pressionar o clube a aceitar o acordo, afirmando a falta de evidências concretas nos depoimentos.
As controvérsias em torno do Bohemian Grove não são novas. A história do clube é marcada por uma série de questões éticas e legais, incluindo acusações de discriminação de gênero e comportamento antiético por parte de alguns de seus membros em várias instâncias. Em 1981, por exemplo, o clube foi forçado a contratar mulheres após um processo judicial que questionou suas práticas de contratação.
O simbolismo e a cultura do Bohemian Grove
A cultura do Bohemian Grove também é envolta em simbolismo. O acampamento é conhecido por seus rituais, alguns dos quais têm sido alvo de críticas e teorias da conspiração. A cerimônia ‘Cremação das Cuidados’, por exemplo, é vista por alguns como um ritual satânico, embora os membros do clube afirmem que é apenas uma forma de ‘deixar preocupações mundanas fora do Grove’.
Além disso, a presença de figuras influentes e seu sistema de secretismo têm alimentado protestos e críticas ao longo dos anos. Ambientalistas e ativistas sociais frequentemente se manifestam contra o clube, questionando as políticas e práticas daqueles que frequentam o retiro.
O Bohemian Grove continua a ser um tema de fascinante debate público, misturando a exploração de poder, privilégio e as complexas relações entre os homens que passam por suas portas a cada julho. Enquanto as controvérsias persistem, a história desse icônico clube e suas operações permanecem ocultas, ao mesmo tempo em que atraem olhares inquisitivos do mundo exterior.
