O CEO do grupo de entretenimento Skydance, David Ellison, que está prestes a assumir o conglomerado de mídia Paramount Global, comunicou a autoridades federais seu objetivo de se concentrar em “narrativas americanas” ao mesmo tempo em que destaca uma nova direção editorial “imparcial” para o CBS News. Essa fusão, que promete mudar o cenário da mídia nos Estados Unidos, aborda questões de independência editorial e influência estrangeira, o que a torna um assunto quente nas discussões atuais.
O encontro com a FCC e as promessas de diversidade
David Ellison se reuniu com o Chairman da Comissão Federal de Comunicações (FCC), Brendan Carr, para solicitar aprovação para a fusão da Skydance com a Paramount, um processo que vem se arrastando há algum tempo. De acordo com uma carta de um advogado da Skydance incluída em um arquivo federal, a transação gerou controvérsia na subsidiária da Paramount, CBS News, e no seu programa de destaque, “60 Minutes”, devido a disputas sobre a independência editorial.
Durante este importante encontro, Ellison e o advogado geral da Skydance reafirmaram o compromisso da empresa em adotar “pontos de vista diversos” que reflitam “as variadas perspectivas ideológicas dos telespectadores americanos”. Trata-se de um movimento estratégico para cortar as preocupações que têm surgido acerca da influência de empresas estrangeiras, em particular a Tencent, gigante da tecnologia com sede na China, que possui uma participação na Skydance. Segundo o documento, a Tencent terá apenas um interesse não votante e passivo, inferior a 5%, na nova versão da Paramount.
Desafios e polêmicas em torno da fusão
A fusão, anunciada com um valor de 8 bilhões de dólares, enfrenta diversos obstáculos. Desde sua concepção, o negócio sofreu atrasos, primeiro durante a administração Biden, seguida pela presidência de Trump, que acusou o programa “60 Minutes” de distorcer uma entrevista com sua oponente democrata Kamala Harris durante as eleições de 2024, resultando em um processo judicial. Embora muitos especialistas jurídicos considerem o processo como frívolo, fontes da mídia relataram que a chefe da Paramount, Shari Redstone, estava interessada em explorar um acordo com Trump como uma forma de superar barreiras regulatórias. Este acordo, que estabeleceu um pagamento de 16 milhões de dólares, foi anunciado em uma data recente, mas já gerou reações negativas entre membros proeminentes da CBS.
A reação interna à proposta de acordo com Trump
Altas figuras da CBS expressaram descontentamento com a recente proposta de acordo. Scott Pelley, correspondente de “60 Minutes”, mencionou que tal acordo seria “muito prejudicial” para a CBS e a Paramount. Além disso, o editor de longa data do programa, Bill Owens, deixou seu cargo, argumentando que a independência jornalística da produção estava sendo comprometida. Apenas um mês após esses eventos, a chefe da CBS News, Wendy McMahon, também se afastou, destacando o impacto da tensão com Trump sobre a organização.
Consequências da fusão e o futuro das produções da CBS
Recentemente, durante uma edição do “The Late Show”, o apresentador Stephen Colbert, conhecido por suas críticas a Trump, não hesitou em descrever o acordo como um “suborno”. A tensão em torno da fusão e suas implicações levou a CBS a anunciar o cancelamento do franchise de 32 anos, que irá acabar em maio, citando razões financeiras. Essa decisão não escapou ao olhar atento da mídia, que já antecipava um possível cancelamento do programa de Colbert como parte de um movimento para cortes de custos.
Trump, por seu lado, comemorou a notícia em sua plataforma social, elogiando a decisão da CBS e manifestando que “adora” as mudanças. Com a fusão e os desdobramentos que têm se desenrolado, o futuro tanto da Skydance quanto da Paramount parece incerto, mas claramente repleto de desafios e tensões que envolverão o mundo da mídia nos Estados Unidos nos próximos meses.